quarta-feira, 18 de março de 2015

CAPITÃO DOS PORTOS DA GUINÉ-BISSAU PROMETEU MEDIDA DURA CONTRA AS AGÊNCIAS MARÍTIMAS QUE DESATRACARAM DO CAIS NAVIOS DE PESCA SEM AUTORIZAÇÃO DAS AUTORIDADES MARÍTIMAS DO PAÍS.

Três empresas de pesca estão envolvidas nesse desacato de fuga de navios. Uma chinesa (DAYLAND YANG MIN) e duas da União Europeia (JOSÉMAR E SOCINVEUST).

No total foram 11 navios de pesca que fugiram do cais de APGB sem autorização das autoridades marítimas e com um número desconhecido de marinheiros nacionais, todos sem contrato estabelecido e testemunhado pelo IMP, através da Capitania dos Portos, como aliás ditam os procedimentos normais nestes casos.

Situação que ocorreu na madrugada de Sábado último, dia 14, e que, para o Capitão dos Portos, Comandante Mário Domingos Gomes e o Director de Gabinete Jurídico do IMP, Dr. Siga Baptista, que deram esta manhã uma conferência de imprensa conjunta para esclarecer os contornos em que ocorreram este incidente, o primeiro deste género a acontecer no País, desde a independência, é muito grave e põe em causa a autoridade do Estado e a segurança dos guineenses que estão neste momento no alto mar com total desconhecimento das suas identidades e para que destino estão a seguir.

Uma coisa é certa, confirmaram os dois interlocutores do IMP que, este caso está a ser seguido com a seriedade e consideração que merece e os violadores serão punidos de acordo com as leis vigentes no País e os responsáveis das empresas envolvidas já foram comunicados sobre isso, e, é só uma questão de tempo para que as medidas punitivas sejam aplicadas e tornadas públicas, garantiram.

Os responsáveis do IMP falaram ainda sobre o despacho do Primeiro-Ministro, de Fevereiro último, sobre embarque provisório de marinheiros que dá as partes (Armadores ou os seus representantes e Sindicatos) a capacidade de colocar nos navios de pesca industrial licenciados para operar nas águas sob jurisdição da Guiné-Bissau, 50% dos marinheiros solicitados cada.

O pior de toda esta história e, de cordo com as explicações dos responsáveis do IMP, é que os representantes das três empresas em causa (violadoras) já tinham, dias antes da fuga, discordado do teor do despacho do chefe do Governo, isto porque, sustentam a existência de um Decreto-Lei de 2010 que dá total liberdade aos armadores em seleccionar e recrutar os marinheiros que devem embarcar nos respectivos navios de pesca industrial, desde que, devidamente autorizado pelas Autoridades Marítimas do País.

De referir que, esse despacho foi conseguido graças ao entendimento saído da reunião de trabalho entre os representantes dos Sindicatos dos Marinheiros e da Associação Nacional das Empresas de Pesca Industrial que teve lugar no gabinete do Primeiro-Ministro em Dezembro de 2014.

Sabe-se que, este caso de fuga de 11 navios de pesca sem autorização das autoridades marítimas, provocou terça-feira, dia 17 uma conferência de imprensa dos dois sindicatos defensores dos interesses da classe de Marinheiros (SINAMAR e SINDEMAR) e hoje, dia 18 uma marcha pacífica que terminou em frente à sede do IMP no centro da cidade com vários slogans que mostram claramente o descontentamento e a revolta do “pessoal do mar” pelo sucedido.

Os responsáveis sindicais fizeram várias acusações a algumas autoridades do País e estão a pedir a demissão do Capitão dos Portos da Guiné-Bissau por conivência com as empresas em causa.