sexta-feira, 20 de março de 2015

OPINIÃO: SOMOS TODOS CHAMADOS A PARTICIPAR NA MESA REDONDA DE BRUXELAS



Quero começar esta minha opinião com uma palavra de estímulo aos meus conterrâneos que têm estado a dar suas opiniões quer direta quer indireta à volta do assunto. Obrigado ao “Progresso Nacional” por mais uma oportunidade de expressar, estas minhas palavras. 
Neemias António Nanque
Estudante de Sociologia na UNILAB, Bahia, Brasil.

Somos todos chamados a participar da mesa redonda de Bruxelas

Em 24 de setembro de 1973, a Assembleia Nacional Popular proclamou em Madina de Boé, no leste do país, a independência unilateral da Guiné-Bissau, um ano após o Acordo de Argel celebrado com Portugal em 26 de agosto de 1974, facto que dita o reconhecimento por parte de Portugal um mês depois.
No mesmo ano a Guiné-Bissau foi admitida e reconhecida pelas Organizações das Nações Unidas, o maior espaço de concentração dos estados de mundo, como um estado soberano.  O Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) entrou triunfalmente em Bissau, capital, e passou a controlar todo o território nacional. 

Estas decisivas vitórias contra o colonizador português e pela libertação nacional coroaram décadas e décadas de luta política e militar, ao longo desse árduo prélio o país teve um apoio dos países amigos.
Hoje é membro da UA, CPLP, CEDEAO, entre outras organizações de caráter politico, diplomático e económico. A presença do país no concerto das nações revela um compromisso em partilhar toda sua aspiração com outras nações.

Ao longo da sua história, a Guiné-Bissau tem vivido muitos sobressaltos, como a trágica guerra civil de 1998, que deixou um abismo para enterrar. Muitos golpes e intentonas, muita violação dos direitos humanos, corrupção generalizada no aparelho estatal. O mais repudiado pela comunidade internacional foi o último golpe de estado de 2012 que destituiu o governo legítimo liderado por Carlos Gomes Júnior; entre esses males abonatórios num estado de direito e democrático, o dito tráfico de droga aprofundou o país em tudo. Uma gestão danosa dos bens de erário público e a vandalização da nossa arcaica administração pública nos últimos dois anos deixaram enorme chaga por tratar. 

Como forma de tirar o nodo, o país é obrigado realizar eleições, consideradas pela comunidade internacional justas, democráticas e transparentes; o escrutínio dita a vitória ao PAIGC, com um parlamento sólido, uma presidência e um governo voltado aos anseios do povo guineense.

 Da sua investidura até o momento, o executivo constitui uma renovação de esperança ao povo cansado de ver adiado o desenvolvimento que sempre apetecemos. Muitos esforços têm sidos observados por parte da sociedade em geral, razão pela qual é cedo emitir nosso juízo de valor.

Muitos acoimaram a entrada do Partido da Renovação Social (PRS) no governo, sem tomar em consideração que a oposição não se limitaria a críticas sobre críticas. Um país como o nosso, frágil e pobre em sentido de termo, quer uma oposição igual a o de momento. Uma oposição visionária, com sentido patriótico, engajada nesta senda do desenvolvimento e pautada por uma causa comum.
Agora é o assunto da mesa redonda que nos quatro cantos do mundo é falado.

Muitos falam dessa famosa mesa redonda, alguns até criaram metáforas sobre o assunto. Não quero trazer definições e conceitos já abordados pelos outros, quero cingir exatamente na minha modesta contribuição enquanto cidadão.

É desejo de cada cidadão ver uma Guiné igual ao Japão, Singapura, Brasil, Emirados e entre outros países que deram um salto qualitativo no processo de desenvolvimento nesse último século.  

Mas é prematuro chegar ao topo onde se encontram esses países. Alias as conquistas desses estados não foram atos isolados, são progressos alcançados pelo apoio dos outros estados mais fortes. A Guiné-Bissau se encaminha nessa mesma direção. 

Em toda esfera da camada social e politica a questão é posta em abordagem. Muitas opiniões divergem, é normal; cada um é livre de abordar do seu jeito, algo consagrado nas ideias dos sofistas: “não existe uma verdade universal”.

A imprensa é consagrada como o quarto poder num estado de direito e democrático. Responsabilidade essa que coloca o pessoal da comunicação social numa missão de trabalhar para boa imagem do Estado quer interna quer externa. Muitos trabalham para vender esse bom nome da Guiné-Bissau pelo mundo, afora; alguns trabalham para denigrir a tal imagem, esquecendo a missão de informar, formar e educar.

A Guiné-Bissau é país igual à Bélgica, enquanto estado. Pode de qualquer forma acolher um evento de gênero. Tem muitos lugares de tirar fôlego e que com certeza vai mexer com os presentes. É comentado em todo domínio político-social que o nosso Estado tem tudo para se lançar rumo ao desenvolvimento, mas é preciso uma mãozinha dos parceiros.

Será que o melhor é realizar a mesa no país?

Observando tudo que elenquei, a mesa vai ter a reputação desejada?

Não julgo que não, mas duvido se nossas autoridades vão alcançar o objetivo almejado.
A mesa com doadores não é um encontro nacional, não é de caráter sub-regional, mas sim uma efeméride de caráter internacional. Segundo nosso proverbio “KIM KU MISTI PIS TEM KU MODJA RABADA NA IAGU”. A tal conferência precisa de um espaço que aprova a responsabilidade, confiança e boa imagem das nossas autoridades.

Temos um território, um povo, uma organização politica, condições que definem um estado, mas não temos recurso financeiro necessário para colocar a avante o nosso barco rumo ao desenvolvimento. 

Não quero dizer que a mesa é solução para o país, mas é preciso partilhar nossos projetos com estados mais fortes. E essa vai ser uma janela aberta ao país para recuperar a sua boa imagem e credibilidade que outra hora tinha. 

Não sei bem o lugar certo dentro de Bruxelas para realização da mesa, mas me importa salientar que o país é um ponto estratégico da União europeia. O velho continente está com sérias dificuldades, mas há sempre verbas para os países em vias de desenvolvimento e nem todo o valor vai ser assumido pela união. Nossas autoridades precisam de momento de uma resposta contígua e palpável para sanear o sofrimento do povo guineense.

Toda a opinião é valida meus irmãos, mas não ponham em causa o trabalho realizado até o momento; somos todos chamados a participar desse evento. O povo deposita a sua confiança nesse governo, os projetos que farão parte do dossiê para mesa corresponderão exatamente ao esperado. 

Em suma, fecho minhas considerações com as palavras do nosso Primeiro-Ministro: 

“é a Guiné-Bissau que vai à mesa redonda de Bruxelas e não o governo”. Razão essa que nos dá o direito de participar quer direta ou indireta da mesa.
Estou convicto que o executivo terá uma resposta palpável e concreta sobre os desafios na Guiné-Bissau.  Para tal, desejo um bom trabalho ao meu governo e uma resposta dentro de pouco tempo depois da mesa.

Neemias António Nanque