sábado, 5 de janeiro de 2013

PROPOSTA DE PERFIL DE CANDIDATO À LIDERANÇA DO PAIGC



Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde
(P A I G C)

Grupo de Reflexão de Militantes e Quadros do PAIGC



PROPOSTA DE PERFIL DO CANDIDATO À LIDERANÇA DO PAIGC


Introdução

O Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde realizará o seu VIII Congresso em Janeiro de 2013. Nesse Congresso, serão renovados os órgãos de direcção do Partido, designadamente o Presidente e os restantes órgãos (O Comité Central e o Bureau Político).

Para o cargo de Presidente (Líder) do Partido, perfilam-se muitos candidatos, o que, de certa forma, revela a prática do exercício da democracia interna.

De acordo com o art.º 36º dos Estatutos em vigor, são considerados candidatos à liderança do Partido os primeiros subscritores de Moções de Estratégia a apresentar ao Congresso. O mesmo artigo atribui competência ao Conselho Nacional de Jurisdição para aferir a elegibilidade de cada candidato.

Como se pode ver, nos Estatutos é omisso o perfil dos candidatos que concorrem para o posto do órgão máximo representativo do PAIGC – o Presidente.

Fruto de uma profunda reflexão, um grupo de militantes e quadros do PAIGC, denominado “Grupo de Reflexão de Militantes e Quadros do Partido – por uma Liderança Colegial”, decidiu lançar a presente proposta de perfil do candidato à liderança do PAIGC, à intenção dos militantes, em geral, e, em particular, da Direcção Superior do Partido.

O PAIGC, sendo um Partido histórico, com raízes profundas na Sociedade Guineense, produto da sua luta brilhante que levou a cabo contra a dominação colonial, sob a liderança esclarecida de Amílcar Cabral, é, sem dúvida alguma, a formação política com maior capacidade de mobilização, com condições de exercer o poder e conduzir o País para um desenvolvimento sustentável.

Regra geral, os partidos políticos são organizações cujos objectivos são a conquista e o exercício do poder. A esta definição clássica, o nosso saudoso Líder, Amílcar Cabral, acrescentava: ... conquista e exercício do poder, para resolver os problemas que afectam, no espaço e no tempo, a vida da comunidade inteira.

Assim sendo, para conquistar o poder na óptica de um Partido como o nosso, deve-se pensar, em primeiro lugar, em pessoas com perfil compatível com os princípios e ideais do PAIGC, dotadas de qualidades morais, humanas e experiência política inquestionáveis e com visão global dos problemas sociais e atitudes pragmáticas para a sua resolução.

É por isso que Amílcar Cabral sempre dizia: O nosso Partido e o nosso País devem ser dirigidos pelos melhores filhos da nossa terra. Quer dizer, do ponto de vista de exemplaridade da sua conduta moral e convicção política, demonstradas no quadro da luta pela causa comum e justa do nosso Povo.

Um dos grandes desafios da nova liderança do PAIGC é a introdução de profundas mudanças no aparelho partidário, com vista à sua reestruturação, modernização e adequação aos desafios do nosso tempo.

I – Perfil do Candidato à Liderança do PAIGC

A definição do perfil de candidatos à liderança de um Partido como o PAIGC, deve ser feita sempre, por um lado, em função dos problemas a resolver no Partido e na sociedade, e por outro, em função dos objectivos visados.

Com base nesses fundamentos, o perfil do candidato à liderança do PAIGC deve corresponder a determinadas características, tais como:

a)    Militância activa no PAIGC e destaque na realização de actividades nas estruturas partidárias;
b)    Integridade moral e cívica inquestionável e irrepreensível na vida pública, privada e familiar;
c)    Isenção total de suspeita de actos de corrupção passiva ou activa e outros de índole criminal, nomeadamente comprometimento com actos lesivos aos interesses do Partido e da Nação;
d)    Formação académica e/ou preparação e experiência políticas sólidas;
e)    Competência e experiência profissionais e de gestão e administração demonstradas, de pelo menos 15 anos;
f)     Facilidade no relacionamento com os Combatentes da Liberdade da Pátria, por forma a inspirar maior confiança aos mesmos e poder representa-los na resolução dos seus problemas;
g)    Profundo respeito pelos valores históricos que nortearam a luta armada de libertação nacional assim como os sacrifícios consentidos pelos heróicos combatentes de liberdade da Pátria;
h)    Capacidade de assegurar a linha ideológica do PAIGC, desde a sua fundação, passando pela luta de libertação nacional, até aos nossos tempos;
i)        Capacidade de imprimir uma dinâmica de reforma no aparelho partidário, no funcionamento das suas estruturas e na sua acção política;
j)        Capacidade de promover um diálogo permanente, aberto, inclusivo, participativo e orientado pelo trabalho de equipa, no exercício prático da liderança partidária e com todos os parceiros sociais e as formações políticas, visando assegurar estabilidade e criar bases para o desenvolvimento económico e social do País;
k)     Capacidade de congregar e gerir a problemática de sensibilidades no interior do PAIGC, por forma a tirar o maior proveito da dinâmica do surgimento das mesmas e garantir a unidade e coesão internas  ndo Partido;   
l)        Aceitação por um vasto leque de militantes e simpatizantes do PAIGC, assim como de mais amplo respeito e reconhecimento no plano nacional e internacional;
m)  Espírito de manutenção e consolidação da democracia interna e da prática política de gestão transparente;
n)    Profundo conhecimento dos Estatutos do Partido e dos instrumentos que orientaram o PAIGC na luta de libertação nacional e da reconstrução do País, nomeadamente as obras de Amílcar Cabral;  
o)    Credibilidade junto dos quadros técnicos afectos ao Partido, assim como nacionais, por forma a despertar neles o entusiasmo, a criatividade e o dinamismo necessários à libertação de iniciativas individuais na procura de melhores soluções aos problemas essenciais que afectam o PAIGC e a Sociedade Guineense;
p)    Competência e capacidade de acompanhar a evolução tecnológica e de dotar o PAIGC de mecanismos modernos de gestão partidária;
q)    Capacidade em tornar o Partido mais atraente para a conquista de simpatias de mais cidadãos, com vista a novos embates e para o alargamento da sua base eleitoral;
r)       Forte determinação em continuar e aprofundar os laços históricos de amizade e cooperação entre o PAIGC e as formações políticas congeneres dos países amigos, nomeadamente o MPLA, a FRELIMO, o PAICV, o MLSTP/PSD, a FLNA e o ANC;
s)      Possessão de visão clara sobre o desenvolvimento económico e social da Guiné-Bissau, particularmente das reformas necessárias, económicas e administrativas, assim como dos sectores da justiça e da defesa e segurança;
t)       Espírito de assunção e de defesa da política de formação e enquadramento de quadros nas estruturas partidárias, governativas e do Estado.


II – Ansiedade dos Militantes e Simpatizantes do PAIGC

Este será, certamente, o perfil do Líder que melhor servirá o PAIGC no actual contexto socio-político e económico da Guiné-Bissau. Uma Liderança forte, abrangente, congregadora e visionária. Os militantes e simpatizantes do PAIGC anseiam dotar-se desse tipo de liderança.

No quadro da democracia interna do Partido, os militantes e simpatizantes anseiam por uma liderança capaz de criar condições para o assumir de responsabilidades por parte de cada um, a franqueza e o respeito pela verdade em qualquer circunstância, uma relação correcta entre dirigentes e militantes, não baseada no medo, mas sim no respeito, e o cumprimento integral das regras democráticas.

A liderança deve disponibilizar-se sempre para atendimento das questões partidárias, respeitar e fazer respeitar escrupulosamente os preceitos estatutários, velar pelo funcionamento normal e regular dos Órgãos de Direcção do Partido e das suas estruturas em geral.

Haverá, igualmente, que se pugnar pela tolerância, pelo debate político e pela participação dos militantes, responsáveis e dirigentes do Partido na discussão democrática e tomada de decisão sobre as questões fundamentais da vida partidária, através dos seus respectivos órgãos e estruturas.

A liderança deve representar um modelo e exemplo de moralidade no Partido e na sociedade, devendo exigir de todos os dirigentes, responsáveis e militantes do PAIGC uma determinada postura de comportamento isenta de práticas de corrupção e de clientelismo.

Competirá ao Conselho Nacional de Jurisdição avaliar o perfil de cada candidato, com vista a aferir a sua elegibilidade, de acordo com os Estatutos do PAIGC, propondo, para o efeito, que cada um se submeta a uma entrevista e que seja exigida a apresentação de alguns documentos comprovativos, tais como o Curriculum Vitae, a certidão do registo criminal, entre outros.


Bissau, Novembro de 2012.