sábado, 27 de setembro de 2014

OPINIÃO: À CONSIDERAÇÃO DI TUDO FIDJU DI GUINÉ



Sei que não é fácil abordar questões que mexem com interesses não confessos ou obscuros, por isso é que me atrasei no envio deste artigo para edição. Mas depois de uma reflexão profunda, o dever de cidadania interpelou a minha consciência, pelo que não podia hesitar mais um único segundo, para chamar a atenção aos meus concidadãos, sobre este outro vírus “EBOLA” – A FABRICA DE CIMENTO.

Este artigo tem como único objectivo acordar as consciências para os perigos que podem advir de comportamentos de indiferença (nha boca ka sta la), que têm sido a característica de muitos dos meus concidadãos

Eu pensava que esta nossa geração tinha como tarefa principal criar as melhores condições, a todos os níveis, para que a próxima possa herdar um país que corresponda aos sonhos dos Pais Fundadores, isto é, aqueles dignos filhos da Guiné-Bissau que tudo deixaram para pegar em armas, sob a liderança do grande visionário e revolucionário de dimensão universal, Amílcar Lopes Cabral, para libertarem o seu povo do jugo colonial.

A esse propósito, gostaria recordar aqueles que, se calhar, por descuido, não se lembraram de fazer uma releitura dos princípios que nortearam a heróica Luta de Libertação Nacional, conduzida pelo PAIGC sob a liderança do visionário Abel Djassi, quando se refere ao seu Povo porque deu a sua vida.

Sem apontar o dedo acusador a quem que seja, e nem pensar em aspectos que muitos poderiam colar com a corrupção, porque disso não posso falar e nem falarei porque a minha idade, o meu background académico e meio sociocultural em que cresci não me permitem a assunção de atitudes desta natureza, mas gostaria de convidar a entidade que tutela esse sector para repensar em como reenquadrar este investimento antes que seja tarde, porque é prenda envenenada.

Segui hoje, dia 18 de Setembro de 2014, no noticiário das 2 horas da tarde, através da Radio Bombolom, a notícia sobre o lançamento da primeira pedra para a construção de uma fábrica de cimento e fiquei tão contente que não pude conter a minha emoção e liguei logo para o meu irmãozinho, amigo e cúmplice (no sentido positivo, porque a nossa visão converge em muita coisa), o Jornalista Armando Conté, de quem fui um modelo, e perguntei se sabia onde se situava a fábrica. A sua resposta foi negativa, e de que também gostaria de ter informações, por se tratar de uma boa iniciativa, pelos efeitos multiplicadores, que tal fabrica poderá ter na sociedade Guineense, sobretudo no combate ao desemprego ao desemprego.

Logo a seguir ao meu telefonema, ouvi outro meu irmão, camarada do PAIGC e também Jornalista da RDN, Carlos Gomes Nhafe (CGN), a falar. Na sua intervenção, elogiou o surgimento do projecto e falou sobre o que serão os benefícios no futuro. Quando me certifiquei de que a fábrica seria instalada numa zona habitacional ou residencial, quase que desmaiei, porque pensei nas consequências perigosas de se instalar uma fábrica de cimento em pleno coração de uma cidade, sobretudo uma cidade-capital, BISSAU NANDÓ.

A pergunta que me fiz a mim, naquele instante, foi a seguinte:

1.      Será que nós na Guiné-Bissau estamos tão desesperados e ávidos para investimentos, seja ele nacional ou estrangeiro, ao ponto de comprometermos a saúde dos nossos filhos e netos?
2.      Será que não sabemos das consequências desastrosas que a instalação da uma fábrica de cimento pode ter no futuro, na saúde das populações dos bairros periféricos e não só?
3.      Será que os técnicos nacionais estudaram, de forma honesta, o impacto ambiental e todos os outros elementos que normalmente são tidos em conta relativamente a projectos dessa natureza?
4.      Ou é apenas mais um dumping que beneficia mãos ocultas?

Neste preciso momento em que publico este grito de socorro, as populações da cidade de Bargny, à entrada de Dakar, capital do Senegal, localidade onde em iguais circunstâncias foi instalada, há anos, a fábrica de cimento Sococim, estão a braços com sérios problemas de saúde respiratória. Neste momento em que lanço este grito de socorro, para quem conhece a cidade de Lomé, as populações daquela  zona onde funciona a fábrica de cimento de cujo nome não me recordo, ao longo da estrada que liga Lomé à fronteira do Benin, estão também a enfrentar sérios problemas de saúde respiratória.

Nesta “mouvance” da defesa do ecossistema os dois estados, o Senegal e o Togo, têm agora que fazer uma das duas opções, ou por outras palavras, estão entre a espada e a parede:

1.      Desactivar as fábricas e transferi-la longe do aglomerado populacional, com os custos que dai advêm, ou
2.      Mudar as populações daquelas zonas, o que será impossível e inimaginável, tendo em conta o número de famílias a transferir e o raio de acção da poeira e fumo tóxicos que as fábricas espalham no ar.

Caros compatriotas, é no momento em que se renovam as esperanças dos Guineenses que nos aparecem investimentos que, além de não contribuírem para a preservação da boa saúde das nossas populações, irão contribuir para destruir a geração futura. Onde esta a nossa responsabilidade?

De investimentos, qualquer país necessita e a Guiné-Bissau não podia ser uma excepção a essa regra elementar da economia. Mas que sejam feitos de acordo com aquilo que são as normas universalmente aceites e não atentatórias a saúde das nossas populações.

Governantes, no tempacensa, ca no djubi son pa no bolso no straga futuro di no fidjus cu netos. No sibi me cuma na es terra aguin ta nomeado aos na um mês ita cumbu prédio cu nin Combatente cu luta na matu 11 anu e na praça 40 anu ca pudi cumpu. Ma tudo ta fica suma mon di sal na iagu, pabia djustisa ca tem, confiscason di bens di ladrons ca tem. I pena pa es púbis ku da rudi ki tene pa liberta es Guiné.

Kin di dirito pai toma medida urgente pabia i djusta, sobreudo nha iarmon, Matchu (DSP), Chefe di governo. Matchu no sta bu trás, tene mon duro sin djubi trás. And please Dear Premier, do remember that saying: to be or not to be, that’s the question.
.
Deus abençoe a Guiné-Bissau e o seu povo!
Glória eterna aos Combatentes da Liberdade da Pátria!
Fidju di Sul