Caríssimos,
Agradeço a publicação do artigo de opinião que se segue.
Atenciosamente,
Ely Araújo
FUTURO DIRIGENTES
O estado deve ser governado não
pelo mais rico, pelo mais ambicioso, forte ou astuto, e sim, pelo mais bem
preparado politicamente. Um dos problemas mais cruciais na questão política, é
que todos os homens se acham extremamente capazes de exercer, com a devida
competência, a prática dessa ciência, ou seja, todos se sentem aptos a fazer
política, sem entender que se trata de uma arte especial e destinada a poucos.
O político deve possuir
qualidades especiais, habilidades seguras e conhecimentos essenciais. O
político deve encontrar o equilíbrio entre os fortes e poderosos e os mais
fracos e indefesos. E essa tarefa, decididamente, não é para qualquer um.
Quem, entretanto, pode ser este
dirigente político? Quem pode estar conscientemente habilitado para o exercício
desta arte?
De início são eliminados os
analfabetos, fazendo, em seguida, algumas limitações à grande maioria dos
homens considerados livres, os chamados cidadãos em geral, desqualificando-os
para a arte de governar, já que estes estão mais aptos para a agricultura, o comércio
e a prestação de serviços.
É justamente entre os sectores
mais intelectualizados da cidade que devemos procurar os mais capazes para o
exercício do poder, da arte de governar e fazer política.
A arte de saber governar os
homens compete a poucos, compete àqueles que detêm o saber.
Saber conduzir os homens, carece
de habilidade; saber gerir a administração, saber construir princípios comuns,
são qualidades inerentes a um governante competente e justo.
Se alguém resiste a esses
princípios que são superiores aos próprios regimes ou formas de governos, é
porque, parte da sociedade se recusa a aceitar a sabedoria como fundamental
para se governar. Muitos preferem a força, a esperteza e outras habilidades,
que a virtude da ciência.
Mas, enfim, como encontrar esta pessoa, capaz de se tornar um governante justo e amado pelos súbditos.
Mas, enfim, como encontrar esta pessoa, capaz de se tornar um governante justo e amado pelos súbditos.
Homens verdadeiramente sábios não
abundam como ervas daninha nas searas do mundo. Encontrá-los, portanto, é
procurar agulha em palheiro. Nessa busca, então, é necessário separar o
joio do trigo, as impurezas dos metais preciosos, para se chegar ao governante
pensante capaz de distribuir justiça com naturalidade.
Por isso devemos identificar no
verdadeiro governante algumas qualidades capazes de torná-lo um governante
competente e, a primeira delas, é justamente ter a capacidade de afastar de si
tudo o que for estranho e não condizer com a virtude da ciência política.
Em seguida, o governante deve
discutir com maestria, a estratégia das forcas armadas e deve conhecer com
profundidade a magistratura para praticar a justiça, além de dominar a retórica
para saber transmitir a seus súbditos os discursos mais eloquentes e mais
elucidativos.
Assim, a estratégia, a
magistratura e a oratória, são inerentes à ciência política. A arte jurídica
subordina-se às leis e o discurso deve obedecer a regra de sua adequação ao
momento, já que este não pode ser proferido ao acaso ou a bel-prazer.
Como nocivo podemos deduzir
claramente: devemos tratar dos maus elementos, ou seja, dos que não se
enquadram dentro do estabelecido como ordem para o bem comum, ou que se
confrontam com o conceito de justiça comummente seguido por todos. Esses
elementos devem ser punidos e entregues a justiça.
É que quando os maus elementos
são afastados, os falsos pretendentes a governação são preteridos e o
governante, é escolhido por depuração, inicia-se então, o maior desafio do
governante, que é harmonizar os opostos, tarefa nada fácil, mesmo para um homem
bastante sapiente.
A ciência política tem como
tarefa unir, combatendo a separação, cultivar a prudência e a moderação contra
a exacerbação, e manter o enérgico contra duvidoso, colocando cada grupo no
exercício da sua função e harmonizando todo o corpo da sociedade.
Ely Araújo
Email: araujoely1@hotmail.com