É NESTE ESPAÇO QUE ESTE HOMEM DIGNIFICA A GUINÉ-BISSAU,
COM AS SUAS ARTES...
UMA DAS FACES DA NOTA DE 1000 PESOS (GUINÉ-BISSAU). (Pintura de A. Trigo)
É triste e lamentável que no nosso país, os génios,
sábios e heróis, são reconhecidos somente depois da morte, com palavras
“sentidas” de condolência aos familiares e logo em seguida, são guardados nos
túmulos do esquecimento.
Caros compatriotas, depois do último adeus, (reduzidos a
cinza) não somos ninguém. Alguém somos, ou podemos ser, enquanto respiramos...
Enquanto vivos, gostamos de ouvir palavras carinhosas de reconhecimento pelas
nossas obras, valores e sobretudo pelos trabalhos prestados a sociedade em que
estamos inseridos. Precisamos de ouvir elogios que fortalecem as nossas forças
de continuar a contribuir positivamente com os nossos saberes.
Para mim, todas as homenagens aos grandes filhos da nação
guineense, deviam ser feitas pelo governo e em vida, porque são exemplos vivos
de resistência, de persistência e sabedoria. São muitos os cidadãos, que
dignificaram o país mas hoje, a minha pequena homenagem em jeito de
reconhecimento vai para o mestre Augusto Trigo, aquele que é sem dúvida para
mim e para muitos, o maior pintor guineense de todos os tempos. Não quero
menosprezar de forma alguma, os grandes pintores guineenses da sua geração e
nem os jovens talentosos que ele mesmo formou.
Augusto Trigo, filho de Bolama (Guiné-Bissau), pintor,
escultor, desenhador e ilustrador, nasceu a 17 de Outubro de 1938. Dedicou a
sua vida à arte, área em que recebeu honrosos prémios no estrangeiro e
contribuiu para o património artístico da sua terra natal.
Com a morte acidental e prematura do seu pai, aos 7 anos
de idade viajou para Portugal. Na Casa Pia (Portugal) enquanto estudava, os
professores descobriram os seus dotes artísticos e transferiram lhe para Pina
Manique onde frequentou o curso de entalhador e escultor.
Teve o seu primeiro emprego aos 19 anos (em 1957) como
pintor de publicidade. Mais tarde regressou ao seu país e começou a trabalhar como
desenhador cartográfico, função que desempenhou durante pouco tempo. Augusto
Trigo, foi também professor de trabalhos manuais e de desenho. Ilustrou livros
escolares do ensino primário (1ª e a 2ª classes).
Em 1964, realizou a sua primeira exposição de pintura no
seu país que ainda era uma província ultramarina portuguesa.
Em 1965, pintou um painel enorme no centro de informação
e turismo, espaço onde fez a sua 2ª exposição de pintura.
Um ano depois, 1966, fez mais uma exposição no Palácio
Foz, em Lisboa, onde encantou a crítica e ao público português pela forma que
conseguiu transmitir as suas mensagens através das harmonizações dos desenhos e
das cores.
Em 1975, após a independência da Guiné-Bissau, dirigiu o
departamento do artesanato nacional.
Inspirado nas lindas paisagens e
na diversidade cultural do seu país, A. Trigo realizou várias pinturas a óleo, de cunho histórico. Como é o caso do denominado “Caminhos de Bafatá” (capa do livro de poemas “Dor
e esperança” – Vasco de Barros) e a magnífica obra, reproduzida numa das
faces da nota de mil pesos (moeda nacional nessa época).
Para os menos informados, estas
obras são verdadeiras relíquias, com mais de 30 anos de existência.
Em 1979, Augusto Trigo regressou
definitivamente a Portugal. Apartir daí, dedicou-se a nova forma de expressão
artística, ganhando prestígio e um lugar de distinção no mundo da banda
desenhada portuguesa. A sua integração como pintor no meio artístico português
foi perfeita e harmoniosa. Fez várias exposições e mereceu algumas homenagens
de reconhecimento do seu trabalho.
Desenhou e ilustrou mais de três
dezenas de livros de banda desenhada, alguns livros didácticos, álbuns,
suplementos de jornais e outras publicações.
É uma pessoa humilde e tão
maravilhosa, como as imagens que saem da sua fértil imaginação artística.
É uma biblioteca cultural viva
que deve ser respeitada, valorizada e preservada! Com 74 anos de idade, num
ritmo mais moderado, continua ainda a deixar na tela e nos quadradinhos os seus
traços inconfundíveis, a cimentar a sua posição como pintor nas terras de
Camões, a dignificar a cultura guineense e a deixar os seus ensinamentos aos
jovens.
A. Trigo, é um orgulho da
Guiné-Bissau!
Que Deus lhe dê muitos e muitos
anos de vida junto de todos os que lhe são queridos.
Aqui ficam os agradecimentos, em
nome da nossa querida Guiné:
Obrigado Trigo! Obrigado pai da
pintura guineense!
Londres, 25.08.2013
Vasco de Barros.
P.s. – é um prestígio
ter uma obra de arte do nosso génio, pintor A. Trigo?
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