Segundo o Economista Paulo Gomes, existem soluções para o problema da crise alimentar
na Guine, mas implicam a tomada de decisões acertadas, não sendo por vezes fácil.
1. Antes de mais, é necessário promover e sensibilizar a população Guineense para uma
mudança dos hábitos alimentares.
2. É necessário passarmos depressa à fase de transformação da nossa castanha bruta, com
o objetivo de diminuirmos a dependência face ao mercado internacional da amêndoa.
Não significa eliminarmos completamente os efeitos dente de serra do preço internacional
da castanha bruta, mas diminui, já que a flutuação do preço no mercado da amêndoa é
mais suave.
3. É necessário evitarem-se as intervenções ad-hoc do Governo (por razões políticas) no
mercado da castanha bruta. Os efeitos por vezes são contrários às medidas, acabando por
empobrecer ainda mais as populações rurais, fortemente dependentes da castanha de caju.
4. É necessário urgentemente criarem-se incentivos e condições para o aumento da
produção interna do arroz, pois existem condições para o país tornar-se auto-suficiente.
A título de exemplo, o ordenamento do Vale do Rio Geba (VRG) daria praticamente para
cobrirmos o nosso défice. Se, ao ordenamento do VRG, acrescentarmos outros ordenamentos, poderíamos de novo exportar arroz, pelo menos para a sub-região. É verdade que já se tentou
isso no passado, (Projecto Komo – Kair, Contuboel, e vários outros), porém faltou coordenação
e concertação entre os diferentes Ministérios- Ministérios da Agricultura e do Comércio- com interesse nesse produto. Investiu-se pouco no aumento da produção e pouco na criação de redes de comercialização. Faltou igualmente aos sucessivos Governos visão sobre quem ganha e quem perde com as intervenções nos sectores do arroz e da castanha de caju: o mundo rural (sem grande poder de pressão) ou o urbano (com maior poder de pressão).
Em termos estatísticos, consumimos mais ou menos 170 mil toneladas de arroz, produzimos
mais ou menos 70 mil toneladas, temos um défice de 100 mil toneladas cuja aquisição é mais
ou menos financiada com os ganhos provenientes da venda da castanha bruta. O que significa
que o aumento da riqueza nacional é praticamente nula. Temos, portanto, que criar condições
para que o nosso défice seja coberto com a produção interna.
Anónimo