O caso do Círculo 4
Nas
presidenciais, há um erro crasso no círculo 4 (Tite); para um total de
eleitores inscritos de 13506, os resultados contabilizam 15675 votantes!
O erro parece ter origem no número de votos nulos considerados. Mas não
é o único erro: verificando o total das partes, obtemos 15875, uma
diferença de 200, que afecta o total nacional. Erros que já constavam
dos resultados provisórios.
A
questão pertinente, neste caso, é a de que o sistema informático não
deveria permitir alterações às células de cálculo. Não se devem
manipular números, mas apenas transcrever fielmente os resultados das
contagens. Caso seja possível colocar aqui um número, ali outro... isso
pode afectar a integridade do sistema, como parece ter sido o caso. Em
que podemos confiar?
Opacidade e nepotismo
Caso
a Comissão Nacional de Eleições tivesse dispensado o secretismo, pouco
abonatório para a transparência do processo, publicando os resultados
provisórios no detalhe, escusariam ter de passar por uma vergonha
destas, com um erro de palmatória divulgado a título de resultado
«definitivo». Com tantos observadores estrangeiros por perto, é caso
para perguntar o que andam a fazer.
Observadores estrangeiros que também não deram pela inconsistência da lista de
candidaturas aprovadas pelo Supremo Tribunal, publicada pela CNE, na
qual o PND vem referido duas vezes (nº 3 e nº 15, emendado à mão), não
se fazendo referência à RGB - Movimento Bafatá. O Presidente do Supremo
Tribunal deu provas de nepotismo, inviabilizando arbitrariamente
candidaturas.
O caso dos 100 000
Houve,
nestas eleições, um extraordinário crescimento dos votos inválidos, com
os votos brancos a triplicarem e os votos nulos a mais que duplicarem,
em relação às eleições legislativas de 2008. Os votos brancos passaram
de 3,2 para 9,4% e os nulos passaram de 2,4 para 5,2%. Efectivamente,
64405 votos brancos com 35947 votos nulos, perfazem um total de 100 352.
Curioso
é que, em todos os círculos do sector autónomo de Bissau, brancos e
nulos se apresentam em níveis bastante mais baixos nos cinco círculos
que o compõem, respectivamente 3,9 e 3,6%, em média. Constata-se
igualmente uma maior incidência nas eleições legislativas, do que nas
presidenciais, que registaram em Bissau, cerca de metade desses valores:
1,9 e 1,8%.
PAIGC castigado nas urnas
Alguns preconizaram que o povo aproveitaria as eleições para condenar o golpe, reforçando a posição do PAIGC.
Ora
foi precisamente o contrário aquilo que se passou, com o PAIGC a ser
castigado nas urnas, perdendo dez mandatos e baixando mais de 11% (67 em
100 contra 57 em 102).
Apresento dois mapas com a evolução dos resultados por Partido por círculo, comparados com 2008.
Antonio Fernandes