segunda-feira, 23 de junho de 2014

OPINIÃO:DR. EDUARDO MONTEIRO: "APOIEI A CANDIDATURA DO DR. PAULO GOMES PARA PRESIDÊNCIA DA GUINÉ-BISSAU E, VOLTAREI DA MESMA FORMA E SINERGIAS A FAZER O MESMO OU MUITO MAIS"



Entrevista: com Dr. Eduardo Monteiro (Dade)

Agradeço esta singela oportunidade concedido CONOSOBA, Um Blogue pelo qual admiro muito o trabalho desenvolvido sem meios e muito rapidamente superou as expectativas, por isso, aproveito este ensejo para apresentar os meus parabéns a CONOSABA, em particular ao seu promotor um companheiro de outras andanças, lutador pelas causas e surpreendentemente aparece-nos com um blogue com a Guiné no coração lutando incessantemente pela democracia. Um bem-haja ao Pate “Cuma home i ca ta medido na tamanho”.

1-Conosaba: Dr. Eduardo alguma vez sentiu arrependido de ter apoiado o candidato Paulo Gomes para a presidência da República da Guiné-Bissau? E voltaria apoia-lo se as eleições fossem hoje de novo?

EDUARDO MONTEIRO: Quanto ao meu apoio, engajamento no projeto Nô Muda Rumo, muito antes de DR Paulo Gomes, decidir vínhamos falando sobre a mudança politica, no país nomeadamente a mais alta magistratura do Estado, uma vez que, não tendo o Partido não era possível pensar no governo. Quero aqui exprimir que fui professor do DR Paulo Gomes, desde logo revelou-se diferente, com um perfil próprio, estudioso e sempre organizado, muito polido no seu ser e estar, deixou sempre algo no ar entre todos os seus professores a suspeição, era um aluno diferente entre seus colegas, ele vinha de grandes cidades, França e a maioria dos seus colegas vinham do campo, dos internatos, revelava a sua discrição e a urbanidade no seu comportamento.

Responder a sua pergunta de forma direta di-lo-ei que por conhecer o Paulo Gomes e acredito piamente nas suas potencialidades e dignidade e nacionalismo, voltarei da mesma forma e sinergias a fazer o mesmo ou muito mais. Acompanhei o seu percurso de forma direta e indiretamente sempre marcou entre os quadros nacionais pela diferença, a sua passagem como fundador e dirigente de PCD, deixou indubitavelmente uma marca e a diferença.

Também a sua passagem pelos diversos sectores público nomeadamente as áreas da economia e cooperação internacional, deixou marcas de competências e trabalho muito embora para muitos na Guiné passou despercebido e agora de forma clara demostrou seu perfil.

Paulo Gomes, tem um projeto político, económico e social de Estadista, ambicioso para o nosso pequeno país outrora com muito prestígio. 

Todavia, demonstrou como e onde ir buscar os apoios, repetidas vezes disse que são os guineenses que terão de transformar a desorganização, indisciplina de coisa pública numa mudança de mentalidade, elegendo a educação como o suporte indispensável para a mudança que se impõem. Recordo-me da sua afirmação no Porto é com educação que formaremos: melhores professores, médicos, engenheiros e outros, tendo um ensino com nível de 1ª sem esqueceremos de olhar pela nossa agricultura e condições geográficas do país continental e Insular para propor o Turismo de qualidade, tendo em linha de conta que, todo o progresso deve ter como centro o homem o motor do desenvolvimento visando sempre empregabilidade e o bem-estar da população.

Ao reconhecer a sua derrota felicitou os vencedores, assumiu perentoriamente que não dava orientação de votos e fê-lo com muita proeza e dignidade. Disse que, não é preciso estar no Governo para servir o país, isto para as pessoas atentas foi uma atitude sui geniris na Guiné Bissau e mantem intacto a palavra dada.
2-Conosaba: Depois de tantos anos em Portugal, pensou um dia regressar ao seu país natal?

EM:Obviamente que sim, é o desejo de todos guineenses que vivem na Diáspora, o sonho é sempre regresso a base, foram as próprias dinâmicas do percurso do passado histórico recente que não permitiram este regresso definitivo, até porque, já tinha uma empresa em Bissau AFROPOR.G.B acabara de constituir a TROPISSUMO-LDA quando se deu 07 de Junho.. O regresso é a prioridade.

3-Conosaba: O que diz sobre a integração dos quadros guineense na Diáspora no processo de desenvolvimento na Guiné-Bissau? A expectativa é grande, muitos pensam regressar brevemente ao seu país? A integração vai ser fácil? 

EM:Face a conjuntura internacional, a crise no sul da Europa, também a igualdade de oportunidade é cada vez mais escassa, porque todos os quadros formados têm ansiedade de poder aplicar os conhecimentos científicos no seu próprio país, no seu habitat ou seja a realidade que melhor conhece e estar ao lado da família e amigos, sem dúvida é um desiderato de todos os quadros guineenses.

O país não tem proporcionado esta igualdade oportunidade desde 1980 que os valores de saber foram invertidos, passou a ser priorizado, influências de proximidade, familiares, nepotismo relegando ao último plano a competência, dando mais valores aos mentirosos “diz que diz”, espécie de uma secreta, pelos detentores de cargos públicos. (desconfiados com todos que revelavam competências) Tal inversão prejudicou incomensuravelmente o desenvolvimento do país.

Hoje a expectativa é grande e deveras sérios e não pode falhar, até porque o povo confiou os votos a uma nova geração, diga-se de passagem aos tecnocratas, os que A.C. dizia flores da nossa luta, hoje homens.

Ora, o regresso é eminente e o Estado através de grupos organizados ou manda-los organizar, deve discutir planificadamente o regresso dos quadros da Diáspora, são imprescindíveis para a sustentação equilibrada nas mesas de negociações e implementações do almejado desenvolvimento, (até aqui tem sido vergonhoso os nossos representantes nas mesas das negociações com parceiros multilaterais e bilaterais) não sei têm noção disso, até porque ao negociar, as partes têm que sentir o peso e competências das mesmas de forma paritária e com o sentido patriótico.

O regresso não pode ser leviano uma vez que, muitos quadros tem a sua família e a vida organizada não se trata como muitos governantes de forma irresponsáveis abrem a boca dizem “ riba, ma i bu terra” o Estado deve encontrar formas estratégicas de regresso no quadro da cooperação multilateral e bilateral, um regresso que não vá apenas ser absorvido pelo Estado, mas também pelo sector Privado devidamente organizado a impulsionar empresários de facto e não “testas de ferro”.

Nosso Sector privado infelizmente ainda é quase nulo, deve ser discutido em conjunto, um plano estratégico com sentido estruturante e o empreendodorismo a curta, médio e a longo prazo. 

O Sector Público / Privado, forte, organizado com dois objetivos concretos que pague impostos como forma de gerar riqueza a um Estado forte que possa sustentar o sectores sociais “produzir qualitativamente ter presente a empregabilidade, por forma alicerçar e dinamizar o tão desejado desenvolvimento sustentável, almejados por todos quadros e o povo em geral.

4-Conosaba: Todos os indicadores apontam para o arranque do país para um bom porto, será?

EM: Estão reunidas as condições subjetivas e objetivas para tal, desde que os ingredientes sejam implementados: A conceção, projeção de um plano estratégico o ajustamento estrutural e uma economia virada para desenvolvimento, tendo em linha de conta, as competências, patriotismo em negociar os recurso do povo soberano da Guiné Bissau. 

A monitorização de todos projetos de desenvolvimento, quer financiados com recursos internos ou recurso externos, devem sempre salvaguardar objetivos viáveis, sustentáveis, com a ambição de lograr a resultados positivos. Pois, isto passa pela renegociação de todos os contratos celebrados em nome do Estado que lesaram os interesses do País. Contratos que lesa a dignidade do Estado e do País. Acreditem respeitando as regras e olhando sem complexo para os melhores exemplos e boas práticas dos países de referências abutiremos rapidamente a um bom Porto.

5-Conosaba: Há ou não projetos ‘pessoais’ para o nosso país? Como pensa implementá-lo?

EM:Obviamente que sim! Sempre tive e com alguma experiência tanto no sector empresarial e hoje no social. O país não o proporcionou, ora, sempre que se crie expectativas é interrompido inconstitucionalmente. Esperemos que estão criadas as condições subjetivas e objetivas para sua edificação.

6-Conosaba: Dizem que o nosso país é muito rico, concorda?

EM:Pois, abundam as informações, outras meras especulações e muitas vezes feita deforma propagandista para chegar ao poder, parece que temos alguns minérios, umas jazidas, temos um mar rico, cardumes com tendências estacionárias, para dizer enormes diversidades em faunas marítimas. Segundo os estudos publicado sobre a fauna marítima em 2011 a zona exclusiva da Guiné Bissau, situa-se como 2º pais mais rico, em áfrica depois da Nabia, temos uma fauna pouca migratória , temos uma floresta densa e rica ,somos um país continental e Insolar, com mais 80 ilhas, com recursos haliêuticos, incomensuráveis uma biodiversidade equilibrada, ora, temos tudo para o melhor turismo da Africa ocidental.

O nosso mosaico dos povos ou seja etno-cultura de valores invejáveis

Somos um país com povos animistas, Islamizadas e cristianizadassociedades verticais ehorizontais com as linhagens patrilinear, matrinear,monogâmica, poligâmica e poliândrica. Tudo isso, são grandes capitais culturais devidamente valorizada para apelar um turismo pela qualidade e pela diferença e porque não geradora de emprego e riqueza.

A nossa aposta para o desenvolvimento deve ser aquela de A. Cabral. A educação se quer entrar na senda de desenvolvimento económico que proporcione o índice de desenvolvimento de qualidade de vida. 

Quero com isso dizer, quando se propaga ao povo que o país é rico, gera a mentalidade de não trabalhar, ociosidade (matchundade) para além da frenética luta para o poder. Sabemos, só o trabalho imperativamente gerar a riqueza, não haverá distribuição sem a riqueza. O que colocará em causa combate a pobreza.

7-Conosaba: Não ficou surpreendido com a prestação de Timor Leste neste processo de transição no nosso país?

EM:Não! Timor Leste e Angola mostraram-se sempre países gratos, solidários reconhecedores de um passado solidário da Guiné Bissau.

A primeira Republica de então Malogrado Presidente Luís Cabral, foi dirigente com grande visão de Estado e da Diplomacia. 

Começo por revelar e dito pelo próprio, tenho algum documento deixado pelo mesmo. 

Em 27 de Maio de 1976, recebeu a seu convite sub-repticiamente alguns dirigentes de Libertação de Timor e nessa altura não estava muito claro o Partido “Fretilim” eram nacionalistas e os primeiros guerrilheiros de Timor foram preparados sob a égide de grande confidencialidade e tutelado pelo Comandante Paulo Correia.

A posição da Guiné Bissau em particular pelo PAIGC foi sempre clara perante o povo maubere direta ou indiretamente sobre tudo nas Nações Unidas em articulação com todos os países de língua oficial portuguesa e Portugal.

Também não podemos olvidar que durante o Consolado do General Nino Vieira, a troco de dinheiro cortamos a relação com a FRTELIN e estabelecemos relação diplomática com a Indonésia. 

Período de mau estar perante todos os nacionalistas guineenses, sobre o mesmo e lamentavelmente então Ministro de Negócios Estrangeiros era meu amigo de ABC da política, coisa que até hoje ficou engasgada.

Timor é um grande país, não pelo tamanho, mas pela estatura e dignidade dos seus dirigentes e seu povo reconhecedor.

Ora, quero com isso dizer que, Timor revelou-se pragmático, peremptório, também diga-se de passagem com o dedo de Ramos Horta na sua missão difícil, felizmente como antigo guerrilheiro, Ex Ministro de Negocio Estrangeiros e Presidente da República, percebeu a pedagogia e politicamente como soube transcender o impossível “ e sai da Guiné como um Herói trampolim provável para altos voos.

Timor, vai mostrar a sua grandeza agora durante a sua Presidência pelo seu pragmatismo e tirar a CPLP do marasmo e retórica que falamos a mesma língua e comungamos uma plataforma de culturas. 

Acredito que vai avançar de forma pragmática como foi connosco durante esta crise, Estou convencido que será Timor a iniciar a nova dinâmica que poderá levar algum tempo, a CPLP de livre circulação de pessoas e bens. A Guiné e os guineenses só tem que agradecer o seu pragmatismo e gratidão., A nova Magistratura da Guiné-Bissau deve aliar-se a esta inovadora alteração para o pragmatismo que nos trásTimor Leste.

8-Conosaba: E a reforma das nossas forças armadas...vai ser uma canja para novo executivo? 

EM:Repare, caro amigo, a tão propalada reforma das forças Armadas é necessário mas repleto de falsos problemas.

Em primeiro lugar, seria necessário um recenseamento de raiz dos que são de facto militares e antigos combatentes, segundo consta hoje temos antigos combatentes com 30 anos de idade, ora, tivemos 11 anos de processo de libertação e 40 anos de independência são 51 anos. Muitos dos generais dizem que estiveram nas matas, sempre perguntei a onde e quando? Ora, aquilo que conheço das estruturas do processo os mais novos já escrevi sobre isso, só podem ter passado pelo FAAL e com a nossa Independência integraram -se muitos jovens todos de forma desorganizada que acabara por juntar-se ao PAIGC pós 25 de Abril, vestindo as fardas para apoiar o novo Estado nos controles que foram implantados ao longo do territorial nacional e assim todos acabaram nas Forças Armadas. Vivemos e vive-se uma situação atabalhoada nas Forças Armadas, perante o total desrespeito a R.D.M. onde as graduações substituíram as promoções (sem carreira) como podemos conceber e suportar orçamentalmente estas despesas vitalícias proveniente de atos irregulares e inconstitucionais, por mais sensível que se diga é um imperativo que o novo governo deverá ter em conta com verdadeiro sentido de Estado, não se deve amedrontar, deve rever objetivamente a real situação e não pelas emendas e retalhos criados compulsivamente. A reforma é um imperativo, mas tem que ser feito sem medo assumindo esta condução, leva-lo ao bom Porto e não feita de forma enlatada ou seja os de fora trazer soluções pré-concebidas, sem que, percebam a real situação do nosso País. Deve partir de um plano nacional de reforma das forças Armadas e Segurança. As Forças Armadas têm e devem a sua submissão ao poder eleito democraticamente.

Acrescentaria que Cabo Verde, dever ser chamado diplomaticamente a responsabilidade porque a luta e combatentes foram com objectivo de libertar os dois países, Guiné Cabo Verde, porque o passivo da luta de Libertações nacionais pela maioria encontra-se na Guiné Bissau. Ora,, com uma proposta de Estado, deve Cabo Verde participar e parece que o Governo de Cabo Verde já manifestou-se aberto a partilhar responsabilidade de reforma sobe ponto de vista dos custo e com os seus técnicos, “reformas e pensões”, é um dever histórico e deve ser tratado a um patamar de Estado e coisas do Estado, não da vulgaridade e bocas da rua.

Para terminar desejo maiores felicidades ao Presidente da Assembleia Eng Cipriano Cassama, ao meu amigo Mário Vaz ,Presidente da república e ao Dr. Eng Domingos S..Pereira.

Fim