TERÇA-FEIRA, 24 DE JUNHO DE 2014
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TEORIA VS PRAXE
O discurso do dia 23 de Junho,
ontem, do novo Presidente da República da Guiné-Bissau, Dr. José Mário
Vaz, faz recordar a velha máxima que diz: “Faz o que te digo, mas não
olhes para o que eu faço”.
O
impacto foi retumbante. Foi uma colisão entre o perfil político do
personagem que encarna o lugar de Presidente e o discurso por ele
proferido. A oratória soava como uma “canção de embalar”.
O
senhor Domingos Simões Pereira, o atual Primeiro-ministro, até ficou
entorpecido, enquanto a sua esposa o abanava. O Presidente José Mário
Vaz parecia um “estranho” vestido de sacerdote pregando no altar.
Exprimia o que queria que o povo e o mundo escutassem.
Confessou em meios restritos que apenas trabalharia com os militantes do PAIGC, mas no dia do seu juramento disse: “(…)
Assim, com este capital de confiança e de legitimidade, queremos
exortar a Nação Guineense que assuma que é chegado o momento de
secundarizarmos as diferenças políticas que caracterizaram a competição
pelo voto e dedicarmo-nos à luta contra a pobreza, com todas as nossas
energias.
E reafirmou dizendo: “(…) serei
o Presidente de todos os guineenses e que tudo farei para que os
diferentes Órgãos de Soberania respeitem e façam respeitar o Estado de
Direito Democrático e de Justiça Social, baseado no pluralismo político e
de expressão, no respeito e garantia dos direitos e liberdades
fundamentais de todos os cidadãos, independentemente de qualquer
circunstância que os diferencie, assegurando igualdade de
oportunidades.”
O
novo Presidente da República foi ministro das finanças do governo de
Carlos Gomes Júnior, derrubado em 12 de Abril de 2012. È constituído
arguido no processo sobre o desvio de 12 milhões de dólares. Sobre a
corrupção disse: “ (…), será fundamental instituir na nossa sociedade uma verdadeira cultura de tolerância zero e de combate sem tréguas à corrupção. Pilar fundamental para a afirmação do Estado de Direito democrático. Cultura que constitua uma poderosa base de partida para este combate que a todos deve mobilizar.”
A
“má coabitação” político-institucional tem sido um dos fatores da
instabilidade política. Nino Vieira punha as mãos e os pés no “barkafon”
do governo. Espiava e interferia em tudo que era da competência do
governo. Será que José Mário Vaz pretende imitar essa postura em relação
às ações que seriam da estrita competência do atual Primeiro-ministro?
O
filho do atual Presidente da República é portador de alvará de abate
das árvores. Sobre essas questões, o Presidente esclareceu: “Ainda
neste quadro prometi durante a campanha, que após a minha tomada de
posse iria estar atento e vigilante no que se refere ao flagelo do
fenómeno da corrupção e sobretudo que chamaria ao meu gabinete todos os
dossiers relacionados com o abate das árvores e exploração ilegal dos
nossos recursos naturais a bem da nossa querida Guiné e das gerações
vindouras.”
O bom exemplo começa em casa!