Esta
manhã, tropas leais ao presidente Pierre Nkurunziza entraram em confronto com
militares rebelados nas ruas da capital Bujumbura.
O chefe do
Exército de Burundi disse nesta quinta-feira que a tentativa de golpe fracassou
e forças leais ao presidente Pierre Nkurunziza estavam no poder.
Apesar de o
general Prime Niyongabo ter informado na rádio estatal que o golpe falhou, há
ainda muita tensão nas ruas. Grupos de militares leais ao presidente
enfrentaram nesta quinta os militares golpistas perto do edifício da rádio e
televisão nacional na capital do país. Partidários de Nkurunziza atacaram meios
de comunicação independentes em Bujumbura, depois que um general utilizou uma
emissora privada para anunciar a destituição do presidente.
A Rádio
Pública África, que havia sido fechada durante semanas de protestos contra o
presidente e reabriu após a tentativa de golpe, foi atingida por um foguete,
segundo testemunhas. Innocent Muhozi, diretor da TV Renaissance, afirmou que o
canal também foi atacado por partidários de Nkurunziza.
O anúncio
do general aconteceu um dia após outro general dizer que havia destituído
Nkurunziza por tentar um terceiro mandato presidencial, ato considerado
inconstitucional. O general também confirmou que "as forças leais ainda
estão controlando os pontos estratégicos" da capital Bujumbura.
O
presidente, que estava na Tanzânia para um encontro de líderes africanos na
quarta-feira quando a tentativa de golpe foi anunciada, pediu os burundineses
que mantivesse a calma em uma mensagem publicada no site presidencial e em sua
conta no Twitter.
Não houve
confirmação oficial da localização precisa do presidente, que provocou mais de
duas semanas de protestos após anunciar que iria tentar ficar mais cinco anos
no poder.
No entanto, duas fontes tanzanianas disseram que ele ainda estava em
Dar es Salaam. Nkurunziza tentou retornar ao país em um avião, mas as tropas
ligadas aos golpistas fecharam o principal aeroporto do Burundi.
O Burundi,
uma das nações mais pobres do mundo, viveu um longo período de conflito étnico
entre hutus e tutsis. O primeiro presidente democraticamente eleito do país foi
assassinado em 1993, o que deu início a uma guerra civil que durou doze anos e
deixou mais de 200.000 vítimas.
Um acordo entre as facções em 2003 abriu
caminho para um processo de transição. Uma nova Constituição foi estabelecida
em 2005.
O Exército foi reformado desde então para absorver facções rivais, mas
ainda existem atritos entre os dois grupos étnicos.