Por um dos
efeitos mais nocivos da feroz luta armada, para a libertação nacional que
tivemos de empreender contra o colonialismo português, e pela inédita
proclamação unilateral da nossa independência, acabamos por desenvolver depois,
uma sociedade extremamente politizada, que assim segue negando-nos, a plena
liberdade de sermos simples cidadãos guineenses. E é exatamente essa, uma das
grandes preocupações de muitos ativistas sociais entre nós, e é também essa, a
mesma preocupação, que o atual representante do Secretário-Geral das Nações
Unidas no nosso país partilha, cada vez que insiste na necessidade da instituição
de governos inclusivos. Ou seja, a vantagem fundamental, de passarmos a
permitir, com a prática de governações inclusivas, que qualquer cidadão
capacitado e competente, desde potencial ministro, até potencial contínuo, seja
livre de optar pela militância política, ou por uma elementar cidadania, e
mesmo assim, prosperar enquanto pessoa de bem. Sendo o nosso Estado, o maior, e
mais cobiçado empregador nacional, a teimosia de excluir, até das suas mais
básicas funções, os que não aceitam, como modo de vida, servir os interesses comodistas
do partido no poder, ou bajular o líder do partido no poder, em cada momento,
só tem sido uma das principais causas, dos nossos mais graves conflitos
sociais, que por vezes, degeneram em ciclos sangrentos, provocando os vários
assassinatos, e todos esses, jamais por esclarecerem, com total justiça.
Agora mais
do nunca, a azáfama é enveredarem-se pela política parasitária, com único e
exclusivo objetivo, de chegarem mais depressa possível, a certos cargos
influentes nas funções estatais, sobretudo os tais que dão acesso fácil aos
dinheiros públicos. E como das maneiras mais vistosas de ostentarem uma
determinada grandeza, grandeza essa, que nunca fará parte do vosso pobre
coitado espírito, plantarem onde calhar, umas caixas disformes, que em termos
ambientais, não passam de umas aberrações urbanísticas, quando a luta devia
ser, qualificarem-se cada vez mais, como cidadãos decentes, para melhor
construírem um lar familiar aprovado, seja ela em forma de palhota, ou em forma
de palacete, para assim proporcionarem aos vossos filhos, uma educação
universalizante, contribuindo dessa forma consistente, para a prosperidade das
futuras gerações.
Mas nesse
nosso mundo, tudo tem a sua vertente positiva, mesmo seja essa vertente, o mais
insignificante. Quem sabe, essas vossas autênticas raridades arquitetónicas,
poderão bem servir daqui a uns anos, como importantíssimas lições de vida, para
que os nossos descendentes fiquem a saber por factos estupidificados, o quanto
estamos a ser uns tolos, reforçando com isso, a vergonha de eventualmente,
evitarem esses nossos erros. Ou até mesmo, servirem como fortes fatores de
atracão turística, e passarem a render muitos milhões ao país, em moedas
estrangeiras.
Se dispensarem
algum tempo para olharem à volta, darão conta da triste degradação dumas casas,
que antes, provocaram inveja no oculto sentimento de pessoas como vocês, e que
agora, pela falta da devida manutenção, estão a cair aos bocados,
desvalorizando todos os dias. Porque, nos casos das dos proprietários honestos,
alguns desses acabaram forçados a abandonarem o país; ou a viverem no
território, pela tamanha desorganização das nossas estruturas sociais, já não conseguem,
por vias legítimas, os merecidos rendimentos capitais. Mas também existem os
casos das pertencentes a uns ladrões descarados, e que estão a degradar, porque
esses já não têm como outrora, acessos assim tão facilitados, aos cofres do
Estado.
Demora nos
anos o tempo que demorar, mas as casas acabam sempre por exigir umas profundas
manutenções, assim como, umas inadiáveis remodelações, sob pena de aos bocados,
desaparecerem completamente do mapa paisagístico.
Parênteses
para manifestar uma particular satisfação, e um certo renovar da esperança,
pelo progresso que estão a significar recentes mudanças de protagonismo no PRS,
e nisto destacar os desempenhos de Florentino Mendes Pereira e Victor Gomes
Pereira, sempre que aparecem no papel de porta-voz, perante os diferentes
órgãos de comunicação social.
Concluindo:
Tratem mais
sim, de preparar, com máxima eficiência, como cidadãos, e como políticos, se
assim tanto ambicionam. Porque o partido que venham a vencer as próximas
eleições, e constituir um governo, não será obrigado por legislações algumas,
nem por acordos pós eleitorais alguns, a empregar umas almas maníacas, tão
incompetentes e incapazes, feitos guineenses gananciosos.
Ser,
Conhecer, Compreender e Partilhar
Flaviano
Mindela dos Santos