Foi hoje assinalada, na Embaixada da Guiné-Bissau em
Portugal, o Dia Nacional da Mulher Guineense, 30 de Janeiro, data instituída em
honra da Combatente da Liberdade da Pátria, Heroína Titina Sila, que tombou no
Rio de Farim, sob fortes bombardeamentos de tropas portuguesas.
O encontro/ Workshops em homenagem à Titina Sila e a todas as
mulheres guineenses, juntou gerações diferentes de mulheres, sob o tema ”
Partilha de experiências de uma vida de luta incansável e persistência na
dignificação do nome da mulher guineense”.
A seguir à abertura da
sessão pelo anfitrião, Senhor M`Bala Alfredo Fernandes, Encarregado de Negócios
da Embaixada da Guiné-Bissau em Portugal, que pediu um minuto de silêncio em
honra da Titina Sila e muitas outras combatentes que tombaram, a primeira
intervenção feminina foi da irmã da Heroína Titina Sila, Senhora Odete Sila,
que de uma forma emocionante, partilhou com o grupo, as origens da Heroína e a
sua história enquanto Combatente, mãe e irmã, até à morte trágica que lhe
ceifou a vida, com apenas 30 anos da idade. Entre lágrimas, agradeceu
grandemente o convite e a prestação da Embaixada, neste gesto que imortaliza a
Titina como realmente merece, numa consideração simbólica primeira vez
manifestada pela nossa representação diplomática em Portugal. Segundo a irmã “ Titina
era uma mulher persistente, extremamente disciplinada e empenhada na luta da
libertação nacional, conquistando deste modo, grande confiança do Cabral, a
quem ela admirava imensamente.”
Do momento, vincaram-se testemunhos da Dra. Fatumata Djau
Baldé, Ex-Ministra dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau e Activista dos
Direitos Humanos; Dra. Romualda Fernandes, Autarca em Lisboa, assessora do
Presidente da Câmara Municipal de Lisboa; Senhora Maria Lima, Enfermeira, que
enquanto membro superior da UDEMU (União Democrática das Mulheres), abraçou
imensas causas em prol da Mulher guineense, e a Jornalista Gilda Casimiro,
produtora de várias rúbricas sobre a mulher;
Dra Élia Embaló, politóloga, líder associativista, entre outros…
Num vasto leque de interesses, constaram-se temas como,
casamento precoce, a educação, questões da igualdade de género, a mutilação
genital feminina, algumas práticas culturais com consequências nocivas para a sociedade,
Mulher na Política activa, emancipação da Mulher, morte materno-infantil, a
emigração, e histórias de mais heroínas, como a Quinta, Canhe Na Ntunguê e etc…
A unanimidade na partilha de experiência de todas essas
senhoras, vem no sentido de confirmar os valores herdados da Titina Sila, com
um legado de vigor e persistência que faz da mulher guineense, uma lutadora
incansável por uma sociedade mais justa, demonstrando sobretudo, que o
sacrifício da mulher guineense sempre foi patenteado em todas as vertentes da
sociedade, desde os tempos primórdios até à actualidade, lamentando
profundamente que a história esteja se perdendo, sem testemunhos registados,
que podem eventualmente sustentar o saber e o conhecimento da geração vindoura.
Duma maneira geral, todas essas mulheres, abraçaram o
projecto de uma luta constante para a emancipação da mulher e para uma
sociedade mais justa, podendo deixar uma marca positiva e proveitosa à
semelhança da Titina Sila, uma referência inconfundível para todas as mulheres
guineenses, sob o compromisso de analisar e desenvolver estratégias de
desenvolvimento para a Guiné-Bissau.
O encerramento do encontro ficou ao cargo de Sua Excelência
Secretário de Estado da Cooperação e das Comunidades, Idélfrides Manuel
Fernandes, que manifestou o seu total agrado nessa homenagem à mulher
guineense, tendo em conta a sua árdua luta, munida de uma força sobrenatural
que deve ser aproveitada para o bem da sociedade, citando ainda, outras
heroínas e todas aquelas que lutam incansavelmente para dignificar a
Guiné-Bissau, quer no país, como no estrangeiro; Oportunamente, aproveitou a
ocasião para fazer o balanço dos sete meses da governação, com ênfase na
existência de uma relação saudável entre todos os órgãos da soberania; factor
fundamental para os progressos até aqui apresentados. O Secretário de Estado,
manifestou a sua solidariedade para com a mulher emigrante, denotando conhecer
todas as suas dificuldades no processo da emigração, afirmando assim, que a
política deste Governo está deveras focada para todas essas vertentes, daí o
esforço em se fazer presente junto das Comunidades e na criação de Planos de
Acção que venham a responder às demandas dos emigrantes, para que não se sintam
em abandono; solicitando a todos, que continuem a zelar para o bom nome da
Guiné-Bissau, esteja onde estiverem, ciente que melhores dias chegarão.