domingo, 16 de março de 2014

OPINIÃO:KAMA KU NÔ KUMPU, LÁ KU NÔ NA DITA NEL

Estamos a chegar o final duma transição politica que muito deixará a desejar. Assistimos um longo período de hibernação do processo de crescimento económico, momentos de instabilidade e muita tensão. Foram mais dois anos de muitas incertezas e poucas mudanças significativas na vida do nosso povo.

As eleições gerais de 13 de Abril, deixarão para trás, um período sombrio da nossa história e representarão com certeza, um passo importante para reposição da ordem constitucional, democrática e o início de uma nova e delicada fase para o país. Para os guineenses, esta data será de união, reflexão e sobretudo, de mudança.

Kama ke no kumpu, lá ke nô na dita!

Espera-se uma grande afluência às urnas. Não será novidade, até porque, o povo está cansado de sofrer. Aparecerão candidatos com a sigla Honestidade e Irreverência (HI) estampada no peito, alguns deles de competência duvidosa, prometendo mundos e fundos, na tentativa de iludir o eleitor. Nós (povo) temos que ser firmes, mas, porém cautelosos na escolha dos nossos representantes. Temos que ter um olho no padre e outro na missa ou se quiserem, um olho no gato e outro no peixe. Votar em qualquer um é ser conivente com os seus abusos, facto que, repercutirá na nossa vida e no nosso bem-estar. Eleger candidatos corruptos e/ou incompetentes significa promover a injustiça e uma falsa ilusão de liberdade.

Os partidos políticos que funcionam como simples máquinas eleitorais, devem respeitar a vontade expressada pelo povo e encarar estas eleições como a última oportunidade para construir uma sociedade mais justa e transformar a Guiné-Bissau numa nação progressista.

A comunidade internacional deve aumentar os apoios em todas as frentes, redobrar a segurança antes e depois das eleições, sob pena de ver todos os esforços, que já são poucos, a irem por água abaixo.

Difíceis e complexos, são os desafios que temos pela frente. Independentemente dos resultados obtidos, as nossas convicções, os nossos sonhos e desejos deverão ser afirmados de forma consistente e os projectos colectivos deverão ser colocados ao serviço da nação guineense.

Não deixemos a maré nos levar, pois, ela pode nos empurrar para o fundo do poço! Vamos trabalhar para que as eleições sejam livres transparentes e justas!
No dia 13 de Abril, dia do renascer da esperança, vamos todos votar na Guiné-Bissau!

Londres, 15/03/2014.
Vasco de Barros.