Quero
começar esta minha opinião com uma palavra de estímulo aos meus conterrâneos
que têm estado a dar suas opiniões quer direta quer indireta à volta do
assunto. Obrigado ao “Progresso Nacional” por mais uma oportunidade de
expressar, estas minhas palavras.
Neemias
António Nanque
Estudante
de Sociologia na UNILAB, Bahia, Brasil.
E-mail:
neemiasoficial@gmail.com
Somos todos chamados a participar
da mesa redonda de Bruxelas
Em
24 de setembro de 1973, a Assembleia Nacional Popular proclamou em Madina de
Boé, no leste do país, a independência unilateral da Guiné-Bissau, um ano após
o Acordo de Argel celebrado com Portugal em 26 de agosto de 1974, facto que
dita o reconhecimento por parte de Portugal um mês depois.
No
mesmo ano a Guiné-Bissau foi admitida e reconhecida pelas Organizações das
Nações Unidas, o maior espaço de concentração dos estados de mundo, como um
estado soberano. O Partido Africano para
a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) entrou triunfalmente em Bissau,
capital, e passou a controlar todo o território nacional.
Estas
decisivas vitórias contra o colonizador português e pela libertação nacional
coroaram décadas e décadas de luta política e militar, ao longo desse árduo
prélio o país teve um apoio dos países amigos.
Hoje
é membro da UA, CPLP, CEDEAO, entre outras organizações de caráter politico,
diplomático e económico. A presença do país no concerto das nações revela um
compromisso em partilhar toda sua aspiração com outras nações.
Ao
longo da sua história, a Guiné-Bissau tem vivido muitos sobressaltos, como a
trágica guerra civil de 1998, que deixou um abismo para enterrar. Muitos golpes
e intentonas, muita violação dos direitos humanos, corrupção generalizada no
aparelho estatal. O mais repudiado pela comunidade internacional foi o último
golpe de estado de 2012 que destituiu o governo legítimo liderado por Carlos
Gomes Júnior; entre esses males abonatórios num estado de direito e
democrático, o dito tráfico de droga aprofundou o país em tudo. Uma gestão
danosa dos bens de erário público e a vandalização da nossa arcaica
administração pública nos últimos dois anos deixaram enorme chaga por tratar.
Como
forma de tirar o nodo, o país é obrigado realizar eleições, consideradas pela
comunidade internacional justas, democráticas e transparentes; o escrutínio
dita a vitória ao PAIGC, com um parlamento sólido, uma presidência e um governo
voltado aos anseios do povo guineense.
Da sua investidura até o momento, o executivo
constitui uma renovação de esperança ao povo cansado de ver adiado o
desenvolvimento que sempre apetecemos. Muitos esforços têm sidos observados por
parte da sociedade em geral, razão pela qual é cedo emitir nosso juízo de
valor.
Muitos
acoimaram a entrada do Partido da Renovação Social (PRS) no governo, sem tomar
em consideração que a oposição não se limitaria a críticas sobre críticas. Um
país como o nosso, frágil e pobre em sentido de termo, quer uma oposição igual
a o de momento. Uma oposição visionária, com sentido patriótico, engajada nesta
senda do desenvolvimento e pautada por uma causa comum.
Agora
é o assunto da mesa redonda que nos quatro cantos do mundo é falado.
Muitos
falam dessa famosa mesa redonda, alguns até criaram metáforas sobre o assunto.
Não quero trazer definições e conceitos já abordados pelos outros, quero cingir
exatamente na minha modesta contribuição enquanto cidadão.
É
desejo de cada cidadão ver uma Guiné igual ao Japão, Singapura, Brasil,
Emirados e entre outros países que deram um salto qualitativo no processo de
desenvolvimento nesse último século.
Mas
é prematuro chegar ao topo onde se encontram esses países. Alias as conquistas
desses estados não foram atos isolados, são progressos alcançados pelo apoio
dos outros estados mais fortes. A Guiné-Bissau se encaminha nessa mesma
direção.
Em
toda esfera da camada social e politica a questão é posta em abordagem. Muitas
opiniões divergem, é normal; cada um é livre de abordar do seu jeito, algo
consagrado nas ideias dos sofistas: “não existe uma verdade universal”.
A
imprensa é consagrada como o quarto poder num estado de direito e democrático.
Responsabilidade essa que coloca o pessoal da comunicação social numa missão de
trabalhar para boa imagem do Estado quer interna quer externa. Muitos trabalham
para vender esse bom nome da Guiné-Bissau pelo mundo, afora; alguns trabalham
para denigrir a tal imagem, esquecendo a missão de informar, formar e educar.
A
Guiné-Bissau é país igual à Bélgica, enquanto estado. Pode de qualquer forma
acolher um evento de gênero. Tem muitos lugares de tirar fôlego e que com
certeza vai mexer com os presentes. É comentado em todo domínio político-social
que o nosso Estado tem tudo para se lançar rumo ao desenvolvimento, mas é
preciso uma mãozinha dos parceiros.
Será
que o melhor é realizar a mesa no país?
Observando
tudo que elenquei, a mesa vai ter a reputação desejada?
Não
julgo que não, mas duvido se nossas autoridades vão alcançar o objetivo
almejado.
A
mesa com doadores não é um encontro nacional, não é de caráter sub-regional,
mas sim uma efeméride de caráter internacional. Segundo nosso proverbio “KIM KU
MISTI PIS TEM KU MODJA RABADA NA IAGU”. A tal conferência precisa de um espaço
que aprova a responsabilidade, confiança e boa imagem das nossas autoridades.
Temos
um território, um povo, uma organização politica, condições que definem um
estado, mas não temos recurso financeiro necessário para colocar a avante o
nosso barco rumo ao desenvolvimento.
Não
quero dizer que a mesa é solução para o país, mas é preciso partilhar nossos
projetos com estados mais fortes. E essa vai ser uma janela aberta ao país para
recuperar a sua boa imagem e credibilidade que outra hora tinha.
Não
sei bem o lugar certo dentro de Bruxelas para realização da mesa, mas me
importa salientar que o país é um ponto estratégico da União europeia. O velho
continente está com sérias dificuldades, mas há sempre verbas para os países em
vias de desenvolvimento e nem todo o valor vai ser assumido pela união. Nossas
autoridades precisam de momento de uma resposta contígua e palpável para sanear
o sofrimento do povo guineense.
Toda
a opinião é valida meus irmãos, mas não ponham em causa o trabalho realizado
até o momento; somos todos chamados a participar desse evento. O povo deposita
a sua confiança nesse governo, os projetos que farão parte do dossiê para mesa corresponderão
exatamente ao esperado.
Em
suma, fecho minhas considerações com as palavras do nosso Primeiro-Ministro:
“é a
Guiné-Bissau que vai à mesa redonda de Bruxelas e não o governo”. Razão essa
que nos dá o direito de participar quer direta ou indireta da mesa.
Estou
convicto que o executivo terá uma resposta palpável e concreta sobre os
desafios na Guiné-Bissau. Para tal,
desejo um bom trabalho ao meu governo e uma resposta dentro de pouco tempo
depois da mesa.
Neemias
António Nanque