O Presidente cessante da Namíbia, Hifikepunye Pohamba, é o
galardoado deste ano com o Prémio Mo Ibrahim de "boa governação" em
África, distinção que não era atribuída desde 2011.
Ao anunciar o laureado em Nairobi, esta segunda-feira
(02.03), Salim Ahmed Salim, presidente do comité de atribuição do prémio,
salientou "a determinação do Presidente Pohamba em defender
prioritariamente a coesão e a reconciliação nacionais, num momento em que a
Namíbia vivia uma fase decisiva para a consolidação da democracia e do
desenvolvimento social e económico".
Salim Ahmed destacou também a capacidade do Presidente
cessante da Namíbia de ganhar a confiança e o apoio do seu povo. “Durante o seu
mandato, Pohamba deu provas de uma grande liderança e ao mesmo tempo uma
constante e profunda humildade", acrescentou.
Entrevistado pela seção kiswahili da DW, Salim Ahmed Salim,
que também foi primeiro-ministro da Tanzania e antigo secrtetário-geral da OUA
(Organização de Unidade Africana) sublinhou que Pohamba "fez tudo para a
promoção da democracia e o melhoramento do padrão de vida da população da
Namíbia, um país pequeno mas com muitos recursos naturais. E durante a
presidência de Pohamba os recursos do país foram bem geridos.
Por outro lado,
desempenhou um papel exemplar na solução de alguns problemas sociais com
destaque para o HIV-Sida. A Namíbia está entre os países com um alto nível de
infeção.
O Presidente cessante da Namíbia também trabalhou muito para o
melhoramento da educação no país".
Eleito pela primeira vez em 2004 e depois em 2009,
Hifikepunye Pohamba continua no cargo por algumas semanas, até à passagem do
poder em março ao seu sucessor, Hage Geingob, atual primeiro-ministro, foi
eleito em dezembro num escrutínio ao qual Pohamba não foi candidato por ter
atingido o limite do número de mandatos.
Criado em 2007 e entregue anualmente, o Prémio Mo Ibrahim de
"boa governação" reconhece líderes africanos que tenham dado provas
de excelência na liderança política.
Está aberto a ex-chefes de Estado ou de Governo de países
africanos que tenham deixado de exercer funções nos últimos três anos e dado
provas de liderança exemplar.
O ex-Presidente cabo-verdiano Pedro Pires tinha sido o último
galardoado, em 2011, tendo-se sucedido vários anos sem que o júri tivesse
encontrado uma personalidade com mérito para receber o prémio.
Na primeira edição foi distinguido o antigo chefe de Estado
moçambicano Joaquim Chissano e em 2008 ao ex-Presidente do Botsuana Festus
Gontebanye Mogae. Também o antigo Pesidente sul-africano Nelson Mandela, ícone
da luta contra o apartheid, foi laureado honorário do prémio em 2007.
O valor do prémio, no total de cinco milhões de dólares
norte-americanos (3,7 milhões de euros), é distribuído durante dez anos em
tranches de 500 mil dólares (373 mil euros).
A distinção é vista como uma forma de oferecer segurança
monetária a dirigentes africanos que deixam o poder.
Recorde-se que o Comité do Prémio é presidido por Salim Ahmed
Salim e integra os ex-presidentes da Finlândia Martti Ahtisaari (Nobel da Paz
2008), do Botswana Festus Mogae e da Irlanda Mary Robinson, bem como o ex-director-geral
da Agência Internacional da Energia Atómica e Nobel da Paz 2005, Mohamed El Baradei,
e a reitora da Universidade da Cidade do Cabo e ex-ministra da Educação
moçambicana, Graça Machel.