quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

JOMAV- FLING III- A FRENTE DE LIBERTAÇÃO E INDEPENDÊNCIA NACIONAL DA GUINÉ

Em Dezembro de 1963, os elementos da UNGP, após Salazar ter confirmado e esclarecido a política ultramarina, resolveram, em assembleia, dissolver o movimento, tendo os seus adeptos ingressado na FLING e ficando o dirigente da UNGP, Benjamim Pinto Bull, como secretário de informação daquela Frente.

O movimento vai, assim, agrupar como dirigentes a maior parte dos chefes dos partidos dissolvidos.
Esta união de chefias, em regra empregados e pequenos funcionários fugidos da Guiné, considerados por Hélio Felgas como “(...) destituídos de competência e maturidade política (...)” (1), com formação muito diferente, com ambições pessoais, desmedidas e antagónicas e, na maior parte das vezes, imaturas, não conseguiu transmitir ao agrupamento a coesão indispensável à consecução dos objectivos pretendidos, originando, no mínimo, duas facções, a designada FLING ortodoxa e a FLING combatente (2), defendendo a primeira a evolução pacífica do estatuto da Província e a segunda o recurso à acção armada.


A FLING parecia condenada, pois restringia cada vez mais a sua acção, perdia terreno e, inclusivamente, o apoio dos governos vizinhos. Este partido parece só ter despertado em 1965, face aos progressos do PAIGC, que estendia já a sua influência política da República da Guiné ao Senegal, ao mesmo tempo que procurava captar a simpatia de adeptos de outros movimentos.

Após a segunda conferência da OUA, realizada no Cairo, começou a incrementar as suas actividades, nunca concretizadas em acções combatentes, pois de acordo com as informações disponíveis, nunca foi visto, na Guiné Portuguesa, nenhum grupo armado da FLING. A sua acção limitou-se à publicação de alguns comunicados, à organização de reuniões e participação em algumas conferências internacionais.

Através de um comunicado transmitido pela Rádio Dakar, em 11 de Julho de 1963, a FLING convidou o PAIGC para uma conferência de unidade, ao mesmo tempo que sugeria a criação de um comando militar unificado, com Quartel General em Bamako (Mali) ou noutro país africano (3).

Os esforços de unificação feitos pela OUA, pelos presidentes Senghor e Sékou Touré e mesmo por outros dirigentes foram falhando, até que, em Março de 1965, o Conselho de Ministros da OUA reconhece o PAIGC como o movimento mais apetrechado e melhor estruturado para o desenvolvimento da luta, canalizando para ele toda a ajuda material.

FONTE: Miguel Garcia