domingo, 1 de setembro de 2013

OPINIÃO: PAULO GOMES PENSA NO EMPREGO JOVEM

De facto, num país como a Guiné-Bissau onde a maioria da população é jovem e pertencente à zona rural, a problemática do emprego jovem é crucial, pertinente e atual. Pode-se mesmo dizer que é um assunto que deverá constituir a prioridade das prioridades de qualquer Governo que sair das próximas eleições.

Se se perguntar aos jovens em que situação vivem neste momento na Guiné-Bissau, creio que a maioria das respostas recairá sobre um cenário pessimista e pouco favorável. Certamente, não há nada mais complicado para um jovem quando não vislumbra um futuro promissor no horizonte.
E, infelizmente, a maioria dos nossos jovens não vislumbra saídas promissoras para o seu futuro.

A meu ver, não se trata de uma situação exclusiva dos jovens Guineenses, mas que se estende um pouco por todos os jovens africanos. Aliás, com a crise económica internacional, a crise do emprego em geral e a do emprego jovem em particular está a ser uma das maiores dores de cabeça dos vários governos pelo mundo fora.

Para a resolução deste problema, entendo que o contributo do Presidente da República terá que ser no sentido de apoiar o Governo na criação de condições que favoreçam o desenvolvimento e o investimento do sector privado no país. Sem um sector privado forte e dinâmico que sirva de locomotiva no processo de desenvolvimento do país, dificilmente poderemos criar condições para a absorção de tanta mão-de-obra, sobretudo jovem e apta a entrar no mercado do trabalho.

A Guiné-Bissau precisa transformar-se, urgentemente, num dos destinos onde seja mais fácil e célere a criação e o funcionamento de empresas. Embora tenhamos já dados alguns passos positivos nesse sentido, necessitamos fazer muito mais para atrairmos sobretudo investidores estrangeiros, numa primeira fase, dada a situação de descapitalização do nosso empresariado.

Em termos dos diferentes sectores económicos, precisamos fazer com que todo o recurso haliêutico capturado nas nossas águas seja processado antes de ser exportado. Precisamos de tirar maior proveito do nosso caju e criar condições para que toda a nossa castanha possa ser processada antes de ser exportada. Paralelamente, devemos fazer com que toda a nossa necessidade de consumo em arroz seja produzida internamente e precisamos de criar condições para que haja mais investimentos no sector pecuário, no turismo e nas novas Tecnologias de Informação e Comunicação. Só assim podemos aumentar a riqueza do país e de forma sustentável para combatermos a pobreza que tem vindo a alastrar nos últimos anos.

Para qualquer dos sectores mencionados, existem potencialidades enormes de criação de emprego, muitos empregos e muita riqueza. Temos vindo até aqui a oferecer de bandeja toda essa riqueza, a exportar todo esse emprego e a não fazer nada ou muito pouco para que se transformem potencialidades em riquezas em muitos sectores em que poderíamos ter vantagens comparativas. Há que inverter essa situação e o rumo dos acontecimentos para que a Guiné-Bissau seja um país onde valha a pena viver.

É possível e, como alguém disse, não é complicado. Basta falarmos, dialogarmos e criarmos consensos sobre quais as prioridades por onde começar e as estratégias de como avançar.

Resumindo:

1) caso for promovido um investimento sério do sector privado na agricultura, no sentido do aumento da produção do arroz e de outras culturas alimentares, bem como da introdução de melhorias na cultura e aproveitamento integral do caju, muitos dos jovens do campo, formar-se-ão em agricultura e dedicar-se-ão a esse sector como principal fonte de rendimento, estancando dessa forma a forte fuga do campo para a cidade que se tem verificado nos últimos anos;

2) caso forem criadas condições para atração e investimento privado no processamento da castanha de caju e de outros derivados do caju, criar-se-ão muitos milhares de postos de trabalho e que ajudarão a absorver muitos jovens e mulheres desempregadas, principalmente das zonas rurais;

3) caso forem criadas condições para a integração da nossa Zona Económica Exclusiva com a nossa economia, para o processamento dos nossos recursos haliêuticos, criar-se-ão essencialmente empregos para nossas mulheres nas indústrias de processamento que forem sendo desenvolvidas;

4) O mesmo para a turismo, Tecnologias de Informação e Comunicação, etc.

Note-se que os postos de emprego a criar vão desde os de simples operários até gestores e operários especializados nas diferentes funções. Sabendo que já existem muitas unidades de processamento da castanha de caju, prontas a iniciarem a sua laboração, facilmente poderiam ser absorvidas muitas centenas de desempregados ao nível de todo o país. Existem estatísticas que apontam para a criação de cerca de 2 mil postos de trabalho de imediato. Claro, que tudo isso seria feito tomando em conta as medidas de acompanhamento propostas pelos diferentes internautas, como sendo, formação, criação de centros de emprego público e privados, informação e orientação profissional, apoio ao sector informal no sentido da sua formalização, etc.

Por último, sou de opinião que, sem entrar em estratégias particulares e destinadas às camadas mais vulneráveis, mulheres e jovens, seria possível responder às suas necessidades e preocupações apenas com a aplicação de simples programas de melhoria do clima de investimento, que favoreceriam, em simultâneo, o sector formal e o informal da economia, e programas de atração de investimentos estrangeiro para o país.


Pedro Marques Vieira
Email: pedromarquesvieira@yahoo.com