quarta-feira, 30 de setembro de 2015

OPINIÃO: UMA BOFETADA DE DIGNIDADE A DESAVERGONHADA CEDEAO

A crise no Burkina Faso deu a hipotese de se dar uma lição de dignidade à CEDEAO. Uma 
bofetada à figura da displicência e condescência aos golpes de estado, com a rejeição
incondicional do povo burkinabé à proposta de saida para a crise apresentada pelo 
presidente em exercicio dessa organização e o mediador da crise, respectivamente 
os presidentes senegales Maky Sall e béninês Yayi Boni.

Quiça pensando que o Burkina é a passivel e submissa Guiné-Bissau onde tudo é lhes 
permitido, e na pressa de se resolver a crise que ameaçava emsombrar ainda mais a 
sub-região, o presidente em exercicio da CEDEAO, pesou, entre o protagonismo imediato 
de sanar a situação ou o agudizar latente da situação, para sair-se airosamente. Pesou, 
mas pesou muito mal, desacreditando-se pelo amadorismo da solução apresentada e 
não deixando simpatias pela insensibilidade e falta de respeito demostrado para com 
as aspirações do povo do Burkina Faso.

Na verdade, desonrientao com o peso da ponderação, acabou Macky Sall, por enveredar 
pelo pior caminho, propondo levianamente a solução cosmética da troca entre a reposição 
do presidente da transição Sr. Kafando, ignorando cinicamente o PM, Issak Zida, em troca 
de uma amnistia para os golpistas do Regimento da Segurança Presidencial (RSP), assim 
como o bonus que permitiria a participação dos pro-Campaoristas no proximo pleito eleitoral.

Enfim, um alinhamento perfeito com as pretensões golpistas e almejos campaoristas.
Um calculo mal equacionado e uma proposta mal pensada em termos de consequências, 
pois a sociedade civil burkinabé, bem instruida e patrioticamente engajada, reagiu muito 
mal à mediação. Assim, não so, rejeitaram liminarmente a proposta do presidente mediador, reclamando, que os pro-Campaoré sejam afastados do proximo pleito eleitoral, igualmente, 
o desmantelamento do RSP considerado um instrumento de instabilidade ao serviço do 
ex-presidente Blaise Campaoré e, por fim, hostilizaram e velipendiaram a mediação da 
CEDEAO, em particular a posição do seu presidente em exercicio, ao ponto deste se sentir constrangido, não participando na cerimonia de reposição das autoridades da transição.

Esse exemplo de coragem e de dignidade do povo burkinabé, leva-me à confissão de que 
até hoje, não consigo esquecer o vexame e a humiliação que nos impôs a CEDEAO apos 
o golpe politico-militar de abril 2012, onde, apos um primeiro figurino de intransigência 
sobre o principio da tolerância zero contra os golpes de estado, à reviravolta, com os jogos 
de interesses a prevalecerem à vontade popular, apoiando e caucionando o golpe e um 
regime de transição da pior espécie que o pais conheceu. Até hoje, as cenas de prepotência 
e desmandos dos enviados especiais dessa organização no decurso da camuflada mediação 
ainda povoam a minha memoria e agridem o meu patriotismo.

E certo que, nessa cabala, contribuiram e foram cumplices os principais actores da nossa 
classe politica, cujo pendor colaboracionista e de prostituição na luta pelo poder, foi mais 
uma vez evidente, atingindo no caso concrecto niveis da indecência e promiscuidade sem 
igual, pois n altura, mais do que pessoas com quem se degladiavam politicamente, estava 
em causa a nossa soberania e o exercicio livre e democratico de um povo para escolher 
livremente os seus dirigentes. Nada disso foi respeitado nem tido entao em conta pela CEDEAO…porque o potencial vencedor não lhes fazia confiança, nem representava o 
seu circulo de interesses.

Exemplos de coragem e dignidade dessa envergadura, deviam ser louvados e seguidos 
pela nossa Sociedade Civil, a qual, em primeira linha, devera dispor-se a posicionar-se 
na linha da frente a fim de defender os pilares da democracia, quando ameaçados ou 
desrespeitados por quaisquer forças ou interesses alheios à causa e à dignidade do 
povo guineense.Ontem, na primeira reuniao do Conselho de Ministros do Governo da 
Transicao tomou-se à corajosa decisao de se dissolver e desmantelar o RSP, foco de 
todas as tensoes, golpes e assassinatos que se verificaram nesse pais durante mais 
de 20 anos. Lembrar a nossa Transição Colaboracionista e de calcas pelas maos 
compreendo melhor à diferenca entre os politicos guineenses e burkinabes.

Obrigado ao povo do Burkina Faso pelo exemplo de dignidade e coragem.





ANÓNIMO