É um ato jurídico unilateral que necessita somente a
vontade do seu ator para ser eficaz e não é a vontade do seu concorrente ou de
mais partes envolvidas. Ela tem um significado infinito, pois, ela expressa o
amor, a cidadania, a dedicação, a força e a sabedoria. Renunciar é para poucos
lideres mundiais, sejam eles homens ou mulheres. A exemplaridade única e impar
do século XXI veio da África do Sul, na pessoa do carismático líder mundial
Nelson Mandela, que lutou mais do que meio século para libertar o seu povo do
regime segregacionista apartheid.
Na Guiné-Bissau o recurso aos serviços de saúde é
pouco evidente, não só pela sua precariedade e elevado custo, mas sim pelas
crenças sociais ainda persistentes. Em certos casos, quando alguém ou vizinho
padecia de doenças repentinas e graves, os mais velhos ou pais começavam de
imediato a fazer suas andanças noturnas para evitar a morte ou que mal se
concretizasse, porque se acreditava que as doenças eram causadas por atos de
feiticeiria, enquanto isso, as mães clamavam desesperadamente em choro, fosse o
que fosse, em caso que aquela feiteceiria ou doença fosse para causar a morte
do seu filho, ela estaria disposta a morrer para que o feiticeiro deixasse o
filho viver. E isto é, ser mãe e, é um
ato da renuncia.
Por outro lado, não vive como a grande parte da nossa população
a luta armada de libertação nacional que conduziu a nossa independência, que
nos rendia respeito e admiração no concerto das nações, pela resistência
corajosa e bravura que conduziu-nos a vitoria e dos aliados contra o
colonialismo português. Infelizmente, como se diz na nossa terra faka ki bu mola ki ta lanhau (a faca
que moldaste é que te ferira), depois da independência nos foi negado à
verdadeira historia da luta armada que serviria para construção da nossa
identidade, resumindo-la a historia do partido com enormes déficits
evidenciados na pos-independência, que vivemos e aprendemos a desgostar
naturalmente e negando assim este ato grandioso da renuncia do nosso eu que carecemos e necessitamos hoje.
Há quatro décadas que vivemos momentos difíceis e
graves que foram deteriorizando-se, sem que aparecessem soluções a vista e hoje
estamos no fundo do poço, mas é como dizia um velho sábio, um homem/mulher ou um povo se define quando cai e em como se levanta.
É necessário um exame de consciência e reflexão profunda sobre a nossa
realidade, para compreender porque o representante das Nações Unidas na GB José
Ramos Horta diz que esta é a ultima
oportunidade que a comunidade internacional oferece a Guiné-Bissau para
encontrar o seu rumo, e isso, não implica somente fazer eleição, o significado
dessa não se esgota em simples interpretação ela é infinita. Precisamos
renunciar o nosso eu, começando por nossas autoridades ou partidos políticos
até ao cidadão comum, por que fazemos parte do problema e contribuímos
(internamente e na diáspora) todos sem exceção para estar onde estamos hoje. Renunciemos o nosso eu!
Espera-se nestas eleições que as organizações
políticas e sociedade guineense nos apresentem e nos façam eleger um Presidente
da Republica com sentido de estado, com autoridade, com respeito e capaz de
fazer respeitar, com a capacidade intelectual e profissional confirmada ou
confiança em si e independente acima de tudo; representantes da Assembléia
Nacional Popular a altura, para afirmação do povo guineense no plano interno,
regional e externo. O nosso povo elegera
os candidatos que os partidos apresentarem, sejam eles limitados ou não. Ao
longo dos anos tivemos vários Presidentes da Republica e Primeiros Ministros
(eleitos democraticamente ou de unidade nacional/transitórios) e todos foram
indicados por partidos políticos, mas e a questão é os candidatos que
manifestaram intenção ou apoiado por partidos reúnem essas características para
Presidência e possivelmente a chefia do governo?
Alguns me dirão sim ou não, mas é verdade que ao longo
destes anos foi-nos evidenciado todo tipo de déficits no exercício da alta
magistratura do país é chefias do governo, ora impunham respeito aos nossos
parceiros externos como internamente, mas carecia-se de maitrise técnico profissional,
ora carecia-se de autoridade seja a nível interno e externo, o que favorecia a construção
de aliança interna ou externa para legitimar ou suprimir as deficiências. Essas
alianças internas favoreciam o surgimento de facções, em que cada um procura
fortalecer-se com apoio da nossas forças armadas ou externamente através blocos
ocidentais ou regionais, deixando o país refém de varias grupos de pressão,
manipulando-nos escrupulosamente como republica de meninos.
Meu apelo aqui vai para todos os candidatos a Presidência
da Republica sem exceção (Sr. Paulo Gomes, Sr. Helder Vaz, Sr. Tcherno Djalo,
Sr. Iaia Djalo, Sr. Nuno Nabiam, e todos os que tenham essa ilusão) a
juntarem-se numa mesa e indicar um candidato de Unidade Nacional para Presidência
e mostrar ao mundo que o nosso povo é viável assim como nosso país, como tem
apelado José Ramos Horta. Renunciem o
vosso eu em favor da afirmação dos guineenses e da Guiné-Bissau, escolhendo
um candidato, porque se cada um acredita nas suas possibilidades de ganhar as eleições
presidências, suponho que não haverá problema em eleger-se como deputado, o que
possibilitara à constituição de um parlamento a altura das nossas aspirações.
Em função da crise que vivemos como outros países já viveram
ou ainda viverão, espera-se um elevado sentido de estado dos partidos políticos
ou coligações políticas, que nas situações idênticas procuram candidatos independentes,
apartidários, de reconhecida idoneidade e competência profissional capaz de
unir o país, visando superar as querelas em questão, como se via nas
vizinhanças, quando houvesse conflito entre irmãos, onde cada um reclamava razão
ou possessão de algo em comum, os mais velhos delegavam a gestão da mesma para
terceiro para evitar conflito permanente, construindo assim as bases solidas
para consolidação da paz. E isso, significa
renuncia dos conflitantes em detrimento da paz, contrariamente a o que
temos assistido no nosso paìs e que constituira grandes focos de tensão pós-eleitoral.
Se este cenários vier a se concretizar o nosso país será hipotecado e teremos
um Presidente da Republica e Primeiro-Ministro com condicionamentos de blocos
ocidentais.
A diversidade de blocos ou grupos de pressões externos
ou regionais interessados em fazer parceria conosco é uma mais valia para
Guiné-Bissau e temos de aproveitar todas as oportunidades que eles oferecem,
com profissionais altamente qualificados, idôneos capazes de fazer mesma
leitura que os nossos parceiros internacionais.
Viva a Guiné-Bissau