OPINIÃO: UM CIDADÃO ATENTO

Quem é o culpado pela atual crise na Guiné-Bissau?

Tenho ouvido ecos atribuindo ao PAIGC a culpa pela crise atual que se instalou no país. Peço 

desculpa aos defensores desta teoria, mas eu discordo dela 100%.

Eu discordo quando as pessoas decidem simplesmente atribuir a culpa a uma organização que 

apenas tem personalidade jurídica e fisicamente inexistente (fisicamente em termos biológicos). 

Temos que ter a coragem de dizer que o homem guineense é invejoso, preguiçoso, 

rancoroso, conformista, desumano em alguns casos, mentiroso etc. são as pessoas 

que praticam ação, o PAIGC é o somatório de ações das pessoas, dos seus dirigentes. 

Se o meu pai assassinar a minha mãe e eu venho assassinando a minha esposa, vão
simplesmente  dizer a culpa é da família, esta família tem problema, isto não é verdade,
pois quem tem problema são as pessoas. Ha um ditado que diz que “culpa ta tchibi son
na pecadur i ca ta tchibi na pó”. Hoje mais do que nunca temos que ter a coragem de
dizer que o Jomav falhou com este país. 

Temos que ter a coragem de dizer que ele mentiu para o povo várias vezes e num país
sério, não o caso da Guiné-Bissau que é uma república de bananas, esses erros são
imperdoáveis. O único culpado por tudo que vem acontecendo nos últimos tempos só
tem um nome: José Mário Vaz. E se um dia o DSP ou qualquer outro político vier a falhar
como Jomav, faremos o mesmo (criticar sem reservas), ou melhor eu estarei na linha de
frente para dizer o mesmo ou pior a ele. 

Não podemos estar a atirar a culpa na arvore ou no macaco, os homens enquanto seres
racionais são os únicos culpados por tudo que a Guiné-Bissau tem passado. O PAIGC
está lá desde luta armada até hoje e vai continuando lá, agora o problema é a mente do
homem guineense. É verdade que devemos muito a este histórico partido, mas o certo
é que as pessoas que compõem este partido são guineenses e enquanto guineenses tem
todo o podre do homem guineense frisado acima. 

Não é por acaso que estamos na lista dos países com índice do desenvolvimento Humano
mais baixo no mundo (no relatório do PNUD sobre IDH estamos nos últimos 11 países num
leque de 187 países - 2013), o guineense não valoriza o saber, podemos até contentar e dizer
que não somos últimos, mas não podemos alegrar com coisas indignas. É como ter um filho
que reprovou na escola com 02/20 e o pai ficou todo alegre porque o filho do vizinho teve
01/20 (pouca vergonha). 

Temos que ter ambição positiva, o homem guineense tem que esforçar mais, pois sem o
conhecimento não somos nada, essa vida de conformismo é deselegante. Hoje temos o
Google, basta colocar um conceito teremos a sua definição, com isto podemos estudar
a cada hora, cada minuto e cada segundo. 

Não precisamos inventar nada! Mas infelizmente o homem guineense não gosta de pensar,
sente mais confortável quando as pessoas pensem por ele. É grave, muito grave, ver jovens
discutindo baboseiras (ele não respeita o presidente tem que sair), em que país estamos?
Na relação de trabalho tem pouca relevância as relações pessoais e não deve interferir nos
resultados, isto se chama de caráter, da ética, de saber trabalhar em equipa. Eu posso não
ter nenhuma relação amigável com o meu chefe, podemos ate não ter fala fora do serviço,
mas dentro dele temos que coabitar.

 Enquanto continuemos a fugir dos nossos problemas, mais problemas teremos, e isto não
é de hoje,é de sempre. Cheguemos a este ponto, que eu chamo de “ponto morto”, sem
governo e sem nada clarificado, podemos fazer as seguintes perguntas:

- O momento era pertinente para derrubar um governo que aos olhos do mundo conseguiu
estrondosos resultados positivos e que alguns consideram o melhor governo da história da
nossa democracia?

- É normal o país ficar quase um mês sem governo?

- Quem deve ser responsabilizado pelos prejuízos que advém desta paralisia total do país
e quem está com ma fé nesta historia?

- Vale a pena ter um Presidente rancoroso e mentiroso?

- Vale a pena continuar nesta indefinição e neste silêncio ensurdecedor dos responsáveis
desta tragédia?

- Vale a pena oferecer câmaras de oxigênio ao hospital, sacos de arroz (fazendo mera
propaganda política), se não se pode garantir ao povo o mais essencial, que é o
desenvolvimento através da estabilidade política governativa?

Podemos fazer milhares de perguntas e as respostas serão indubitavelmente “Não”.

Temos que usar e explorar a nossa mente meus irmãos!

Não é diferente da mente do homem europeu!

Sempre ao lado da Guiné-Bissau.

Jurista, Rapper e Poeta Lesmes Monteiro.