segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

INCIDENTE DIPLOMÁTICO III


Este incidente vem inserir-se no contexto de uma campanha contra a pesca ilegal
no Senegal, 

ver duas notícias recentes: uma de 27 de Novembro
outra de 4 de Outubro 

Lembre-se que o Senegal pediu recentemente ajuda aos EUA e França para lutar contra a pesca ilegal. O arrastão levantou suspeitas, ao desligar as «balizas» electrónicas que permitem o seu rastreamento pelos radares de terra, logo que saiu do porto de Dakar, no dia 20 de Dezembro, depois de ter efectuado uma rotação da tripulação, pouco antes das seis da tarde locais (tinha entrado na madrugada desse mesmo dia) segundo os dados de tráfego marítimo internacional.

Seria bom, para um cabal esclarecimento do caso, que não se limita ao Senegal e à Rússia, mas envolve igualmente a Guiné-Bissau, que as autoridades senegalesas divulgassem as coordenadas GPS do local do arresto, bem como esclarecessem o seu entendimento do estatuto da área que referiram como sendo de «soberania conjunta» entre os dois países, pois o MNE russo envolveu directamente a Guiné-Bissau no caso, para além da questão humana dos vinte cidadãos guineenses.

A bem da preservação dos recursos pesqueiros das águas da sub-região, talvez fosse boa ideia ser aprovada uma lei instituindo a presunção de ilegalidade sobre todas as embarcações com as respectivos identificadores desligados. Um controlo on-line mundial e transparente, como a tecnologia já permite, como no site que referimos, parece um bom instrumento para acabar de vez com esse género de «pirataria» de recursos haliêuticos.

Os russos, por sua vez, não são nada meigos a lidar com a pesca ilegal, nas suas águas, seja de barcos chineses ou japoneses. Resta saber se o Oleg Naydenov não terá sido um excesso de zelo, por força de um mal entendido em torno de um estatuto dúbio quanto à zona de pesca em litígio. Não deixa de parecer estranho, por demasiado óbvio, que um barco, com licenças legais, passasse por Dakar dando nas vistas para depois piratear as suas águas...