Há quase
dois anos, em Fevereiro de 2012, o GreenPeace lançou uma operação chamando a
atenção para a concorrência desleal que a pesca industrial (estrangeira),
recorrendo a grandes arrastões equipados com os mais modernos meios, estava a
fazer aos pescadores locais na sub-região, os quais se queixam de uma quebra
substancial nas capturas.
O Oleg
Naydenov, na lista negra da organização, filmado a partir do helicóptero da
GreenPeace, pode ver-se no video a descarregar grandes quantidades de sardinha
das suas redes. Os activistas, deslocando-se em pneumáticos paralelamente ao
rumo do navio, pintam no seu casco, um pouco acima da linha de água, a palavra
de ordem «Pilhagem». Cortam uma faixa que escondia o nome do navio.
Lê-se «stop fishing away Africa's future». No entanto, a abordagem da organização peca por
«fundamentalista» da ecologia. Porque não empregar os meios de que dispõe para
monitorizar o eco-sistema e apresentar dados científicos que validem as suas
tomadas de posição?
Tal como
aconteceu com a publicação do Mapa Geológico da Guiné-Bissau, que permitiu e
serviu de base a uma abordagem científica à questão da mineração (estando agora
por completar off-shore), seria importante dispor de uma base de dados
hidrográfica incluindo informação de bio-massa.
Só o
conhecimento permitirá gerir com bom senso a pesca na região dos grandes rios
Geba, Casamansa e Gambia, que alimentam esse maná (com forte capacidade de
regeneração), garantindo a sua sustentabilidade, no interesse de todos,
incluindo evidentemente o potencial de desenvolvimento.
Isso só pode
ser feito de uma forma regionalmente integrada, pois os peixes não reconhecem
fronteiras. O processo de licenciamento na área das Pescas deveria ser público
e transparente para se saber, em qualquer momento (como num caso destes), quem
emitiu e em que condições, as respectivas licenças.
Estudos
estatísticos sobre a Pesca artesanal, como os publicados em 2003 e 2008, no
Senegal, poderiam ser lançados, sob a égide da CEDEAO, em toda esta região,
para ficar com uma imagem anual de processos, métodos, população envolvida e
evolução das capturas, numa série cronológica.
No Senegal,
o sector da Pesca tem uma grande importância, representando mais de 300 mil
milhões de FCFA, com um peso de mais de 12% nas exportações do país. A
Guiné-Bissau mantém acordos relativos à pesca artesanal com os pescadores dos
seus vizinhos Senegal e Guiné Conacri.