segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

PESCAR É FIXE O RESTO QUE SE LIXE



Há quase dois anos, em Fevereiro de 2012, o GreenPeace lançou uma operação chamando a atenção para a concorrência desleal que a pesca industrial (estrangeira), recorrendo a grandes arrastões equipados com os mais modernos meios, estava a fazer aos pescadores locais na sub-região, os quais se queixam de uma quebra substancial nas capturas.




O Oleg Naydenov, na lista negra da organização, filmado a partir do helicóptero da GreenPeace, pode ver-se no video a descarregar grandes quantidades de sardinha das suas redes. Os activistas, deslocando-se em pneumáticos paralelamente ao rumo do navio, pintam no seu casco, um pouco acima da linha de água, a palavra de ordem «Pilhagem». Cortam uma faixa que escondia o nome do navio.


Lê-se «stop fishing away Africa's future». No entanto, a abordagem da organização peca por «fundamentalista» da ecologia. Porque não empregar os meios de que dispõe para monitorizar o eco-sistema e apresentar dados científicos que validem as suas tomadas de posição? 

Tal como aconteceu com a publicação do Mapa Geológico da Guiné-Bissau, que permitiu e serviu de base a uma abordagem científica à questão da mineração (estando agora por completar off-shore), seria importante dispor de uma base de dados hidrográfica incluindo informação de bio-massa.

Só o conhecimento permitirá gerir com bom senso a pesca na região dos grandes rios Geba, Casamansa e Gambia, que alimentam esse maná (com forte capacidade de regeneração), garantindo a sua sustentabilidade, no interesse de todos, incluindo evidentemente o potencial de desenvolvimento.

Isso só pode ser feito de uma forma regionalmente integrada, pois os peixes não reconhecem fronteiras. O processo de licenciamento na área das Pescas deveria ser público e transparente para se saber, em qualquer momento (como num caso destes), quem emitiu e em que condições, as respectivas licenças.

Estudos estatísticos sobre a Pesca artesanal, como os publicados em 2003 e 2008, no Senegal, poderiam ser lançados, sob a égide da CEDEAO, em toda esta região, para ficar com uma imagem anual de processos, métodos, população envolvida e evolução das capturas, numa série cronológica.

No Senegal, o sector da Pesca tem uma grande importância, representando mais de 300 mil milhões de FCFA, com um peso de mais de 12% nas exportações do país. A Guiné-Bissau mantém acordos relativos à pesca artesanal com os pescadores dos seus vizinhos Senegal e Guiné Conacri.