terça-feira, 1 de setembro de 2015

SAÚDE PÚBLICA: “ÁFRICA DEVE REGULAR A MEDICINA TRADICIONAL”, DIZ DIRECTORA REGIONAL DA OMS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu ontem aos governos dos países africanos que criem instrumentos reguladores para os praticantes da medicina tradicional.

Numa mensagem por ocasião do Dia Africano da Medicina Tradicional que hoje se assinala directora regional da Organização Mundial da Saúde, Matshidiso Moeti, reconheceu que os praticantes da medicina tradicional são uma importante fonte de cuidados de saúde para muitas pessoas em África.

Desde 2000, salientou, o número de países africanos com políticas de medicina tradicional aumentou de oito para 40 e o número de países com institutos de investigação dedicados à medicina tradicional aumentou de 18 para 28.

A alta funcionária da agência especializada das Nações Unidas lamentou o facto de apenas 21 dos 54 países africanos terem leis ou regulamentos para a prática da medicina tradicional.
A responsável disse esperar que, com a criação e reforço dos sistemas reguladores em todos os países africanos, sejam identificados e apoiados os terapeutas tradicionais qualificados.

Matshidiso Moeti afirmou que, se for devidamente regulada, a medicina tradicional pode ser adequadamente integrada nos sistemas de saúde e desempenhar um importante papel na cobertura universal da saúde.

“Não há dúvida de que a regulação é essencial para a prestação de serviços e produtos de cuidados de saúde de qualidade, seguros e eficazes”, acentuou a alta funcionária da agência especializada das Nações Unidas, que deu ênfase ao facto de, nas zonas rurais, a medicina tradicional ser a única fonte acessível de cuidados primários de saúde.

Matshidiso Moeti salientou, na mensagem, que os países africanos têm manifestado interesse em integrar os terapeutas tradicionais no sistema público de saúde, a fim de colaborarem com os profissionais da medicina convencional.

A responsável reconheceu que os países africanos têm registado progressos na promoção do uso seguro e eficaz da medicina tradicional.

A directora regional da Organização Mundial da Saúde lembrou que a agência especializada da ONU elaborou um conjunto de instrumentos e orientações, entre os quais o Modelo de Quadro Jurídico para a Prática da Medicina Tradicional, o Quadro Regulador da Medicina Tradicional, Praticantes, Práticas e Produtos, e o Modelo de Código de Ética e de Prática para os Praticantes da Medicina Tradicional.

 Os países, acrescentou, podem adaptar estes importantes instrumentos, que são um importante passo para proteger os doentes contra práticas potencialmente nocivas à saúde humana.


Pediu também aos investigadores que trabalhem em colaboração com os terapeutas tradicionais, para que sejam garantidas a segurança, eficácia e qualidade dos produtos da medicina tradicional.