Caríssimos irmãos,
Nossa diplomacia, nossos
técnicos e nossos governantes estão de parabéns!
A Guiné-Bissau e o seu
povo estão de parabéns pela confiança recuperada da comunidade internacional.
Doravante nossas
responsabilidades são maiores e todos somos interpelados a fazer bom uso da
coisa pública e, na minha humilde opinião, esse bom uso deve
pressupor, da parte de todos os cidadãos e de todas as instâncias do poder ou
de serviço público, entre outros, o seguinte:
a. viagens limitadas às
estritamente necessárias, devidamente planeadas, com tarefas precisas e contas
a prestar, relativamente ao trabalho a realizar ou realizado por cada uma das
pessoas que as realizam, seja individualmente, seja em delegações de
multi-actores;
b. gastos públicos devidamente
controlados, condicionados às regras e aos órgãos competentes encarregues do
controlo de boa gestão orçamental;
c. boa conservação dos
bens existentes nos diversos serviços: equipamentos administrativos, edifícios,
viaturas, mobiliário, etc. Antes de se adquirir bens novos, é importante
recuperar e colocar em bom estado o que é recuperável. Pobres não podem dar-se
ao luxo da prática do descartavel como usualmente se vê na rotina quotidiana de
muitos servidores públicos do nosso país;
d. ter pessoal estritamente
necessário em cada instituição de prestação de serviço público. Todo o pessoal
dos serviços públicos deverá entender que seu patrão ou seu chefe não é apenas
o seu superior hierárquico; é-o também, e sobretudo, o cidadão contribuinte a
quem tem o dever de servir em tempo útil, com respeito e com elevada qualidade
na sua prestação. Por esta e por outras razões, todos devemos pagar os impostos
devidos, ser controladores de situações de evasão fiscal e exigir que as contas
sejam tornadas públicas para que todos possam estar seguros de que, o que é de
todos nós, não está a ser indevidamente usado por ninguém;
e. higiene, disciplina
organizacional e funcional em todos os sectores de prestação de serviço
público, seja nas estruturas do governo central, regional ou local, seja na
casa parlamentar, seja nas instâncias do poder judicial, seja na Presidência da
República (nada de visitas a amigos em locais de trabalho). Todos são
servidores públicos que deverão ter a consciência de suas responsabilidades e
as assumir com profissionalismo afinado, em benefício dos utentes.
Vamos pois, irmãos,
assumir nossa Guiné com responsabilidade e fazer os possíveis, para que cada um
possa dar seu contributo, de lá onde quer que se encontre, uma vez que para
ajudar na reconstrução, não é necessário estar em nenhum cargo ou função
particulares. Basta querer e decidir agir com os recursos intelectuais,
materiais, financeiros, relacionais e outros de que disponha.
Felicitações especiais
aos que deram o melhor de si como bons filhos amantes da sua terra, na
preparação dos documentos, na dinâmica do advocacy para nossa causa e na
formulação de estratégias que conduziram ao sucesso da mesa redonda, sem terem
dado a cara, e que silenciosamente souberam deixar ir a Bruxelas, pessoas que
não mexeram palha para isso, mas que lá estiveram para fazer figura e gastar
recursos públicos. Para essas pessoas, de elevado sentido patriótico e apurada
competência técnica, e para todos quantos trabalharam no e com o Governo nessa
largada bem sucedida, o meu respeito e apreço.
Vai um abraço para todos
quantos amam a Guiné-Bissau, sejam guineenses ou não, com vibrante apelo à
união dos guineenses, porque o ódio não nos leva a lugar nenhum e porque somos
poucos, para o trabalho que temos pela frente.
Santa Páscoa nos nossos
corações e para todas as almas.
DP