quinta-feira, 2 de abril de 2015

VERSOS E RIMAS PARA EXPURGAR O DESENCANTO DO SOFRIMENTO




Durante séculos, a poesia foi a primeira e a única forma de expressão literária de Guiné-Bissau, um dos últimos países a conquistar a independência na África, em 1974. Por isso, uma gama cada vez maior de poetas africanos se apega até hoje ao lirismo dos versos para colocar em xeque os problemas do país. Em homenagem a essa cultura, o poeta mineiro Wilmar Silva de Andrade promove o sarau “Poesia Guiné-Bissau”, com leituras de poemas e exibição de documentário de videopoesia de escritores guineenses, hoje à noite, no MM Café, dentro do Museu das Minas e do Metal, como parte do projeto Toda Quinta e Muito Mais.


A reverência a uma poesia tão rica e próxima ao Brasil, escrita essencialmente em português, mas com influência cada vez mais forte dos dialetos crioulos, se deve a uma viagem que Wilmar Silva realizou ao pequeno país da África Oriental entre 2008 e 2009. Na época, ele produziu o livro em formato de DVD “Portuguesia: Minas Entre os Povos da Mesma Língua, Antropologia de Uma Poética” (Anome Livros, 2009), reunindo 101 poetas de Portugal, Guiné-Bissau, Cabo Verde e Minas Gerais, e mostrando a relação entre colonizador e colonizados. “Para um país economicamente pobre e com diversos problemas, percebi que a poesia é um alento para esses autores estarem vivos. Ela se torna a saída, a chama de esperança”, diz Andrade.


Alguns textos do livro serão recitados por Wilmar Silva e Andreia Horta, mestranda em linguagens do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), e estudiosa da publicação. Para ela, é importante ressaltar que não se trata de resumir a poesia de Guiné-Bissau em data ou contexto. “Essa coletânea não se prende à temática, à autoria ou período, pois coloca como centro de notoriedade a palavra, logo, a poesia”, avalia.


Durante o sarau, Wilmar Silva também irá apresentar um documentário inédito em formato de videopoesia, feito com 19 autores guineenses, clássicos ou alternativos, mas todos ainda em atividade. Entre eles, Agnelo Regalla, referência na década de 50 por questionar a colônia portuguesa em seus escritos, e Félix Sigá, um dos principais nomes a retratar contextos de pós-independência de Guiné-Bissau, abrindo os horizontes para temas como o preconceito, a pobreza e o amor.

Agenda
O QUE. “Poesia Guiné-Bissau”
ONDE. MM Café, do Museu das Minas e do Metal (Praça da Liberdade, 680, Funcionários)
QUANDO. Hoje, às 19h30
QUANTOEntrada franca