Durante séculos, a poesia foi a primeira e a única forma de expressão
literária de Guiné-Bissau, um dos últimos países a conquistar a
independência na África, em 1974. Por isso, uma gama cada vez maior de
poetas africanos se apega até hoje ao lirismo dos versos para colocar em
xeque os problemas do país. Em homenagem a essa cultura, o poeta
mineiro Wilmar Silva de Andrade promove o sarau “Poesia Guiné-Bissau”,
com leituras de poemas e exibição de documentário de videopoesia de
escritores guineenses, hoje à noite, no MM Café, dentro do Museu das
Minas e do Metal, como parte do projeto Toda Quinta e Muito Mais.
A reverência a uma poesia tão rica e próxima ao Brasil, escrita
essencialmente em português, mas com influência cada vez mais forte dos
dialetos crioulos, se deve a uma viagem que Wilmar Silva realizou ao
pequeno país da África Oriental entre 2008 e 2009. Na época, ele
produziu o livro em formato de DVD “Portuguesia: Minas Entre os Povos da
Mesma Língua, Antropologia de Uma Poética” (Anome Livros, 2009),
reunindo 101 poetas de Portugal, Guiné-Bissau, Cabo Verde e Minas
Gerais, e mostrando a relação entre colonizador e colonizados. “Para um
país economicamente pobre e com diversos problemas, percebi que a poesia
é um alento para esses autores estarem vivos. Ela se torna a saída, a
chama de esperança”, diz Andrade.
Alguns textos do livro serão recitados por Wilmar Silva e Andreia
Horta, mestranda em linguagens do Centro Federal de Educação Tecnológica
de Minas Gerais (Cefet-MG), e estudiosa da publicação. Para ela, é
importante ressaltar que não se trata de resumir a poesia de
Guiné-Bissau em data ou contexto. “Essa coletânea não se prende à
temática, à autoria ou período, pois coloca como centro de notoriedade a
palavra, logo, a poesia”, avalia.
Durante o sarau, Wilmar Silva também irá apresentar um documentário
inédito em formato de videopoesia, feito com 19 autores guineenses,
clássicos ou alternativos, mas todos ainda em atividade. Entre eles,
Agnelo Regalla, referência na década de 50 por questionar a colônia
portuguesa em seus escritos, e Félix Sigá, um dos principais nomes a
retratar contextos de pós-independência de Guiné-Bissau, abrindo os
horizontes para temas como o preconceito, a pobreza e o amor.
Agenda
O QUE. “Poesia Guiné-Bissau”
ONDE. MM Café, do Museu das Minas e do Metal (Praça da Liberdade, 680, Funcionários)
QUANDO. Hoje, às 19h30
QUANTO. Entrada franca