David
Cameron tem quatro meses para convencer os britânicos a ficarem na Europa. Os
eleitores dividem-se e o Governo também. A batalha dentro do Executivo
britânico promete ser agora mais aguda, com seis ministros a terem já anunciado
que farão campanha pela saída. Desta vez, em completa rota de colisão com o
primeiro-ministro, o ministro da Justiça veio dizer que o acordo com a União
Europeia “não é juridicamente vinculativo”.
O ministro
britânico da Justiça, Michael Gove, contestou a afirmação de David Cameron de
que as renegociações com os líderes da União Europeia eram “juridicamente
vinculativas”.
O inquilino
do número 10 de Downing Strett tinha afirmado que o acordo alcançado em
Bruxelas seria "juridicamente vinculativo e irreversível" e que só
poderia ser posto em causa pelos Estados-membros da União Europeia.
Contestação
jurídica
Entretanto,
em entrevista à BBC, Michael Gove referiu que, sem alteração de todos os
elementos do acordo de renegociação, tudo é objeto de contestação jurídica.
"A
questão é que o Tribunal de Justiça da União Europeia não está vinculado a este
acordo, até que os tratados sejam alterados e não sabemos quando isso vai
acontecer". E fez ainda questão de salientar que este Tribunal é que está
acima de todos os Estados-membros.
O
primeiro-ministro britânico tem pela frente o desafio de convencer os
britânicos de que os novos termos negociados com os outros 27 países-membros
são satisfatórios para o Reino Unido continuar a integrar a União Europeia.
"Gangue
dos seis"
As divisões
continuam a crescer dentro do Governo britânico. Alguma imprensa internacional
já lhe chama o “gangue dos seis”. Michael Gove tirou fotografias na sede da
campanha Vote Leave, com os colegas do Executivo: os ministros do Trabalho e
Pensões, Iain Duncan Smith, e da Cultura, John Whittingdale, o presidente da
Câmara dos Comuns, Chris Grayling, a ministra para a Irlanda do Norte, Theresa
Villiers, e a secretária de Estado do Emprego, Priti Patel.
David
Cameron disse saber que, além de Gove, outros políticos irão tomar as suas
opções. “Mas no final é o povo britânico que decidirá”, concluiu.
Por seu
lado, Cameron mantém o que disse: “Farei campanha com todo o coração para
persuadir o povo britânico a ficar na União Europeia reformada”.
O governante
insistiu na tese de que o acordo da última cimeira tornará o Reino Unido “mais
forte, mais em segurança e mais próspero no seio de uma União Europeia
reformada”.
E
acrescentou: “É um dos melhores e mais antigos amigos, mas há 30 anos que
deseja a saída do Reino Unido”, disse Cameron. “Mas, claro, estou muito
decepcionado ao saber que não estaremos no mesmo lado neste debate chave para o
futuro do nosso país”.