Foto: Dilma Russef e Michel
Temer, Presidente do PMDB e Vice Presidente do Brasil (possível substituto de Dilma caso venha a ser aprovado a sua destituição)
Dilma
Rousseff pode respirar de alívio. A noite passada perdeu o apoio do PMDB, mas a
espada do impeachment, que parecia assim mais ameaçadora, deverá manter-se
apenas suspensa. Um ministro do PMDB já disse que se irá manter no cargo e
outra deverá mesmo sair do partido para não abandonar o executivo. Um terceiro
pretende igualmente ficar.
A noite
passada o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) decidiu em reunião
de diretório nacional romper com o Governo de Dilma Rousseff, deixando-o por um
fio.
A decisão -
considerada "histórica" - era esperada. Havia 11 moções a pedir a
saída do Governo, bastou uma, de dez curtas linhas. A decisão foi tomada por
aclamação eufórica, em cinco minutos.
A decisão do
diretório impôs a saída em 24 horas dos seis ministros restantes que detinha no
Executivo. Mais de 600 membros do PMDB deverão deixar os cargos públicos
imediatamente. Mas há ministros que dizem que vão ficar.
De acordo
com o jornal O Globo, pelo menos três dos seis ministros pretendem permanecer
nos cargos. E nenhum quer sair já.
Com Dilma
Os que
querem ficar são Marcelo Castro (com a pasta da Saúde), Kátia Abreu (com a da
Agricultura) e Celso Pansera (Tecnologia e Ciência). Este último foi até agora
o único que assumiu o rompimento público com as ordens do partido. No entanto
não deverá abandonar o PMDB.
"Pretendo
ficar no meu partido. Gosto do partido, me elegi por ele. Não tenho nenhuma
intenção de sair. Vou me manter no cargo de ministro e no partido",
garantiu Pansera.
O ministro
já disse igualmente ser contra o impeachment e afirmou mesmo que, se
necessário, irá voltar à Câmara dos Deputados para se opor na votação.
Quantos aos
outros, "Marcelo Castro e Kátia Abreu pretendem permanecer no Governo.
Eduardo Braga (responsável pelas Minas e Energia), Mauro Lopes (do Ministério
da Aviação Civil, nomeado a 17 de março último em oposição ao partido) e Helder
Barbalho (dos Portos) devem sair, mas querem um prazo", refere o jornal.
"Em boa hora"
A ministra
da Agricultura, Kátia Abreu, é considerada muito próxima de Dilma Rousseff,
explica ainda O Globo, e poderá abandonar o PMDB para se manter no Governo. O
jornal brasileiro avança a hipótese de ela se transferir para o PSD "do
ministro Gilberto Kassab (responsável pelas Cidades) o ex-prefeito de São
Paulo."
Henrique
Alves, outro peemedebista, já havia deixado a pasta do Turismo a 28 de março,
um dia antes da reunião do diretório nacional do partido. Em reação, Dilma
Rousseff prometeu encontrar um substituto para Alves no seio dos deputados do
PMDB, mas agora terá de encontrar alternativa.
Aliás a
decisão do PMDB foi recebida com algum otimismo por parte de próximos da
Presidente. O seu chefe de gabinete, Jaques Wagner, afirmou mesmo que a decisão
tinha chegado "em boa hora" e era uma oportunidade para reconsolidar
um "novo governo".
Por seu
lado, Lula da Silva, ex-presidente do Brasil e nomeado para a pasta da Casa
Civil - cargo que está a ocupar interinamente - lamentou a saída do PMBD e
pediu explicações.
Riscos para o PMDB
Michel
Temer, presidente do PMDB, deverá por seu lado manter-se como vice-presidente
da República, já que "foi eleito", referiu por seu lado o senador
Romero Jucá, vice-presidente nacional do partido, durante a reunião do
diretório.
Este assumiu
aliás a condução dos precedimentos, já que Temer preferiu manter-se à parte dos
procedimentos.
Igual
decisão foi tomada pelos ministros que pretendem manter-se nos cargos e que
primaram pela ausência, tal como Leonardo Picciani, líder do partido na Câmara
Baixa do Parlamento.
Picciani,
que indicou ele próprio Marcelo Castro e Celso Pensera para os cargos na última
reforma do executivo, em outubro de 2015, tem-se aproximado de Dilma Rousseff e
afastado progressivamente do Presidente da Câmara, Eduardo da Cunha.
A decisão do
diretório do PMDB, apesar de aclamada, poderá pelo contrário acabar por
prejudicar mais o próprio partido e dividi-lo do que atormentar a
"Presidenta".
Graça Andrade Ramos - RTP