quarta-feira, 30 de março de 2016

BRASIL/CENÁRIOS POLÍTICOS MUDAM COMO O CLIMA : TRÊS MINISTROS DO PMDB QUEREM FICAR NO GOVERNO DE DILMA ROUSSEFF


Foto: Dilma Russef e Michel Temer, Presidente do PMDB e Vice Presidente do Brasil (possível substituto de Dilma caso venha a ser aprovado a sua destituição)

Dilma Rousseff pode respirar de alívio. A noite passada perdeu o apoio do PMDB, mas a espada do impeachment, que parecia assim mais ameaçadora, deverá manter-se apenas suspensa. Um ministro do PMDB já disse que se irá manter no cargo e outra deverá mesmo sair do partido para não abandonar o executivo. Um terceiro pretende igualmente ficar.

A noite passada o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) decidiu em reunião de diretório nacional romper com o Governo de Dilma Rousseff, deixando-o por um fio.

A decisão - considerada "histórica" - era esperada. Havia 11 moções a pedir a saída do Governo, bastou uma, de dez curtas linhas. A decisão foi tomada por aclamação eufórica, em cinco minutos.

A decisão do diretório impôs a saída em 24 horas dos seis ministros restantes que detinha no Executivo. Mais de 600 membros do PMDB deverão deixar os cargos públicos imediatamente. Mas há ministros que dizem que vão ficar.

De acordo com o jornal O Globo, pelo menos três dos seis ministros pretendem permanecer nos cargos. E nenhum quer sair já.

Com Dilma

Os que querem ficar são Marcelo Castro (com a pasta da Saúde), Kátia Abreu (com a da Agricultura) e Celso Pansera (Tecnologia e Ciência). Este último foi até agora o único que assumiu o rompimento público com as ordens do partido. No entanto não deverá abandonar o PMDB.

"Pretendo ficar no meu partido. Gosto do partido, me elegi por ele. Não tenho nenhuma intenção de sair. Vou me manter no cargo de ministro e no partido", garantiu Pansera.

O ministro já disse igualmente ser contra o impeachment e afirmou mesmo que, se necessário, irá voltar à Câmara dos Deputados para se opor na votação.

Quantos aos outros, "Marcelo Castro e Kátia Abreu pretendem permanecer no Governo. Eduardo Braga (responsável pelas Minas e Energia), Mauro Lopes (do Ministério da Aviação Civil, nomeado a 17 de março último em oposição ao partido) e Helder Barbalho (dos Portos) devem sair, mas querem um prazo", refere o jornal.

"Em boa hora"

A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, é considerada muito próxima de Dilma Rousseff, explica ainda O Globo, e poderá abandonar o PMDB para se manter no Governo. O jornal brasileiro avança a hipótese de ela se transferir para o PSD "do ministro Gilberto Kassab (responsável pelas Cidades) o ex-prefeito de São Paulo."

Henrique Alves, outro peemedebista, já havia deixado a pasta do Turismo a 28 de março, um dia antes da reunião do diretório nacional do partido. Em reação, Dilma Rousseff prometeu encontrar um substituto para Alves no seio dos deputados do PMDB, mas agora terá de encontrar alternativa.

Aliás a decisão do PMDB foi recebida com algum otimismo por parte de próximos da Presidente. O seu chefe de gabinete, Jaques Wagner, afirmou mesmo que a decisão tinha chegado "em boa hora" e era uma oportunidade para reconsolidar um "novo governo".

Por seu lado, Lula da Silva, ex-presidente do Brasil e nomeado para a pasta da Casa Civil - cargo que está a ocupar interinamente - lamentou a saída do PMBD e pediu explicações.

Riscos para o PMDB

Michel Temer, presidente do PMDB, deverá por seu lado manter-se como vice-presidente da República, já que "foi eleito", referiu por seu lado o senador Romero Jucá, vice-presidente nacional do partido, durante a reunião do diretório.

Este assumiu aliás a condução dos precedimentos, já que Temer preferiu manter-se à parte dos procedimentos.

Igual decisão foi tomada pelos ministros que pretendem manter-se nos cargos e que primaram pela ausência, tal como Leonardo Picciani, líder do partido na Câmara Baixa do Parlamento.

Picciani, que indicou ele próprio Marcelo Castro e Celso Pensera para os cargos na última reforma do executivo, em outubro de 2015, tem-se aproximado de Dilma Rousseff e afastado progressivamente do Presidente da Câmara, Eduardo da Cunha.

A decisão do diretório do PMDB, apesar de aclamada, poderá pelo contrário acabar por prejudicar mais o próprio partido e dividi-lo do que atormentar a "Presidenta".


Graça Andrade Ramos - RTP