quarta-feira, 23 de março de 2016

DEPOIS DE 50 ANOS BÉLGICA PEDE DESCULPAS AO POVO CONGOLÊS PELA MORTE DE PATRICE EMERY LUMUMBA

Francis Lumumba participa de debate na Bélgica
Francis Lumumba participa de debate na Bélgica
A Bélgica manifestou nesta terça-feira "sincero pesar" pelo assassinato, em 1961, de Patrice Lumumba - o primeiro e único líder eleito democraticamente no país da África Central conhecido hoje como República Democrática do Congo.

"O governo sente que deveria estender à família de Patrice Lumumba e ao povo congolês seu profundo e sincero pesar e suas desculpas pela dor causada", afirmou o ministro do Exterior belga, Louis Michel.

O ministro participou de um debate no Parlamento, que discute se a Bélgica - que tinha o Congo como uma de suas colônias - deve assumir a responsabilidade moral pelo assassinato.

Nacionalista carismático, Lumumba foi deposto quatro meses depois de assumir o cargo e, pouco tempo depois, foi assassinado.

Assassinato

Durante o caos provocado pelas lutas entre facções após a independência, Lumumba foi raptado por rivais congoleses, levado para a província de Katanga e morto.

Lumumba foi assassinado em 1961

A responsabilidade pela morte de Patrice Lumumba foi atribuída a congoleses ligados aos serviços de inteligência americanos e à Bélgica.

Há dois anos, um livro acusou a Bélgica de ter fornecido a logística para os autores do assassinato.

Recentemente uma comissão parlamentar concluiu que Lumumba não poderia ter sido assassinado sem a cumplicidade de oficiais belgas, apoiados pela Agência Central de Inteligência (CIA) dos EUA.

O líder congolês foi uma figura controversa, considerado um libertador africano por alguns e um agitador pró-soviético por outros, na época em que a Guerra Fria dominava a política externa do Ocidente.

Analistas afirmam que a investigação parlamentar e o debate sobre a morte de Lumumba são uma tentativa da Bélgica para fazer as pazes com seu passado colonial.

O filho de Patrice Lumumba, Francis, que é líder da oposição no Congo, viajou até Bruxelas para participar do debate.