Ismael Sadilú Sanhá
Mestre em Relações Internacionais pela
Universidade Lusíada de Lisboa
O tráfico de cocaína para os EUA tem diminuído muito
devido ao forte dispositivo de segurança nas fronteiras dos EUA com os seus
vizinhos da América Latina, que visa principalmente estancar a entrada de
drogas no seu território. Apesar de fortes críticas às diligências tomadas
pelas autoridades dos EUA em controlar drogas provenientes das zonas
fronteiriças, foram construídas vedações e não só também foram aplicados
métodos repressivos que violam flagrantemente os direitos humanos, houve uma
redução considerável de consumo de cocaína. Para fazer transportar as drogas,
por sua vez, os narcotraficantes têm procurado as rotas de tráfico mais viáveis
e fáceis. Neste contexto, a África serviria do elo da ligação entre a América
Latina e Europa, para o abastecimento do maior mercado de consumo de
estupefacientes. Esta prática vem criando inúmeros problemas para os países
africanos e está a contribuir ainda mais para o aumento da violência que o
tráfico, também é susceptível de criar facções e bandos armados que operam no
país, em função dos interesses alheios à maioria das pessoas colectivas.
Há que atender que essa mudança estratégica por parte de
traficantes prende-se em muito com a fragilidade de alguns Estados africanos,
nomeadamente a Guiné-Bissau, onde as autoridades não conseguem, por mais que
tentem, fazer parar este pernicioso fenómeno devido aos problemas graves que o
permeia.
O tráfico de estupefacientes provenientes da América
Latina, com destino à Europa, com passagem pela África Ocidental tem sido bem-sucedido,
devido não só à fragilidade de muitos Estados, como também à corrupção
generalizada, à incapacidade no controlo das fronteiras e, por último, aos
parcos meios materiais e humanos para combate ao crime organizado.
Daí que há toda a necessidade dos atores regionais, UE,
EUA e autoridades de segurança africanas de congregarem os esforços no sentido
de reforçar as estratégias no combate ao problema de trafico de
estupefacientes.
Pode-se constatar que na Guiné-Bissau não se produzem
drogas. Sendo a RGB um dos países mais conturbado nos últimos tempos da África
Ocidental, com a fraca capacidade humana e material para controlar as suas
fronteiras e combater práticas ilícitas, os traficantes fazem transportar
drogas através do território da RGB com o destino à Europa. Muito se tem falado
do tráfico de drogas na Guiné-Bissau, mas a comunidade internacional olvidou de
que o país está sendo vítima de aproveitamento do estado em que se encontra
para materialização de tal prática. Mesmo os Estados europeus que disponham de
capacidades técnicas e humanas têm tido enormes dificuldades em controlar os
seus territórios, e as drogas penetram nas suas fronteiras. Por isso, a
contribuição da comunidade internacional para combate e controlo efectivo do
tráfico de drogas para Guiné-Bissau é crucial. Os países destinatários devem
redobrar esforços e trabalhar afincadamente em estreita colaboração com os
Estados desprovidos de meios para estancar este pernicioso flagelo, que tem
como objectivo destruir a sociedade, sobretudo as famílias e a juventude,
através do consumo.