Em sua
primeira visita oficial ao continente africano, iniciada na quarta-feira (25),
o papa Francisco deixou hoje o Quênia rumo a Uganda e, antes de viajar, falou a
jovens sobre corrupção e exclusão social.
Em
celebração realizada no estádio de Nairóbi (capital queniana), Francisco
afirmou: "há corrupção também no Vaticano", pedindo aos jovens que
resistam à corrupção em todas as suas formas.
"A
CORRUPÇÃO ESTÁ EM TODAS AS INSTITUIÇÕES, ESTÁ POR TODO LUGAR E TAMBÉM ESTÁ NO
VATICANO. ELA É COMO UM AÇÚCAR, QUE É DOCE E GOSTOSO, MAS COM O CONSUMO, NOS
TORNA DIABÉTICOS. COM A CORRUPÇÃO, A NAÇÃO TORNA-SE DIABÉTICA. NÃO TOMEM GOSTO.
NÃO ACEITEM O AÇÚCAR QUE SE CHAMA CORRUPÇÃO. ELA ROUBA A ALEGRIA, E AS PESSOAS
CORRUPTAS NÃO VIVEM EM PAZ. ELA NÃO É UM CAMINHO DE VIDA, MAS UM CAMINHO DE
MORTE", DISSE O LÍDER CATÓLICO.
Um dos
últimos compromissos no Quênia foi a visita a favela de Kangemi, uma das
regiões mais pobres da capital.
"Irmãos
das periferias, não tenho vergonha em dizer que vocês têm um lugar especial na
minha vida e nas minhas escolhas. Não fico indiferente a vocês. Como podemos
não denunciar as injustiças sofridas?", disse o pontífice.
Desprovida
de serviços de saneamento básico, como a coleta de esgoto, Kangemi tem cerca de
100 mil moradores. Fica em uma área circundada por zonas residenciais e está
localizada ao fim de um pequeno vale, perto de outra região de favelas,
Kalangware.
Nairóbi tem
uma população de 2 milhões de pessoas em áreas em condições semelhantes às de
Kangemi.
"A
marginalização urbana nasce de feridas provocadas por minorias que concentram
poder, riqueza e desperdiçam de maneira egoísta, enquanto uma crescente maioria
precisa se refugiar em periferias abandonadas, poluídas e descartadas",
criticou Francisco.
Em um apelo
às autoridades, o papa pediu que seja tomada "a estrada da inclusão
social" por meio do ensino, esporte e cuidados com as famílias e que se
provoque uma "respeitosa integração urbana sem indiferença ou
paternalismo".
O líder
católico também fez um pedido especial às pessoas ligadas às religiões.
"Faço um apelo a todos os cristãos, em particular aos pastores, para
renovar seu apelo missionário, tomar a iniciativa contra tantas injustiças,
envolver-se nos problemas dos cidadãos, acompanhá-los em suas lutas, proteger
os frutos dos trabalhos colectivos e celebrar junto a cada pequena ou grande
vitória", ressaltou.
Terrorismo
entre os jovens
A questão do
radicalismo na faixa etária dos mais novos também foi abordada pelo papa
Bergoglio, que questionou por que tantas pessoas "cheias de ideais"
optam por viver "no radicalismo religioso, se afastando da família e da
vida".
"É uma
pergunta que devemos fazer a todas as autoridades. Se um jovem não tem trabalho
ou não pode estudar, o que ele pode fazer? Pode roubar, cair na dependência,
pode se suicidar ou pode se atrelar a quem mostra uma utilidade na vida, mesmo
que isso possa ser uma enganação", declarou o pontífice.
Para evitar
que um jovem "seja recrutado", disse o papa, é preciso dar educação,
trabalho e o direito de sonhar com um futuro. De acordo com Francisco, a
tentação causada pelo radicalismo e pelo fundamentalismo está ligada a "um
sistema internacional injusto que coloca no centro da economia não as pessoas,
mas sim o dinheiro".