Por
esta venho agradecer a atenção com que tem seguido e alertado o povo
guineense e toda a comunidade internacional da intenção deliberada do
Presidente da República em provocar a instabilidade no país. Eu próprio
havia feito a denúncia da intenção do PR em demitir o Procurador Gera da
República, em artigo que teve a amabilidade de publicar em Outubro
passado e que, pela sua relevância agradecia mandar reeditar para que os
guineenses possam comparar, a previsão aos factos.
Queria sugerir que se lançasse no seu blogue uma descrição cronológica deste ano e meio de mandato do Presidente da República.
Penso
importante propor e realizar um trabalho jornalístico sério de
compilação de todos os feitos e defeitos deste presidente, para que a
memória não nos atraiçoe e algum dia alguém se esqueça do que temos
vivido.
1. Em Setembro de 2014, antecipando-se a
um processo que estava a ser bem conduzido pelo governo, o Presidente
exonera o General António Indjai. Mais tarde tenta imputar essa decisão
ao governo.
2. Em Novembro exonera o Ministro do Interior
Botche Cande, apesar deste ter provado realizar a missão à fronteira por
indicação e coordenação do próprio Presidente da República. Para
preencher essa vaga, recusa todas as propostas do governo até se aceitar
a sua escolha. Pelo meio vai prometendo nomeações e mentindo a todos;
3.
Em Dezembro, antecipa a mensagem de novo ano para proferir acusações de
corrupção contra o governo - essa era a sua prenda de Novo ano;
4.
Em Janeiro de 2015, ignora a celebração em Tite do aniversário do
início da luta armada e manda dizer que cancelou a presença por
descobrir a existência de um atentado à sua segurança;
5. Em
Março monta toda uma cena para assistir à Conferência da Mesa Redonda
que abandona logo após a sessão de abertura. Vai a Lisboa de forma
precipitada e, não conseguindo a audiência imediata que queria com o
Presidente Cavaco Silva, preenche o espaço falando com empresários do
seu convencimento de que o país não está preparado para receber
investimentos;
6. Em Abril, lança os rumores (não tanto
rumores pois partilhados com a Comunidade Internacional e algumas
entidades nacionais) sobre a probabilidade de demissão do governo. Entre
recusas e mais acusações, vai cumprir o prometido só em Agosto;
7.
Final de Maio foi o período do descalabro com a visita do Rei: Exclusão
do Representante da União Africana da lista de convidados, mudança do
palácio, colocação da bandeira de Marrocos no palácio da República,
retirada da estrela negra na Praça de Herois Nacionais, reconhecimento
da Soberania de Marrocos sobre o Sahara Ocidental, etc, etc, etc
8.
Entre Maio e Julho, convida sucessivamente, o sector privado, a Banca,
os sindicatos, a sociedade civil para proferir acusações contra o
governo. Até o relatório do FMI é distorcido para reflectir a saga de
acusações contra o governo;
9. 4 Julho - Discurso na ANP, na
qual acusa a todos de mentirem sobre a sua pretensão de demitir o
governo. Tudo não passava de rumores infundados;
10. 3 de Agosto - Ignora a celebração do 3 de Agosto;
11. 12 de Agosto - decreto de demissão do governo. Saga de disparates e a imposição de 60 dias sem governo;
12. Outubro - Formação de governo ignorando dois postos chave sem justificação de tal medida;
13.
Contactado pela Comissão de Inquérito parlamentar, nega a comparecer
nem recebe a Comissão e afirma em carta não se lembrar de ter acusado o
Primeiro-ministro demitido e o governo de corrupção;
14.
Novembro - Exonerações intempestivas e completamente inusitadas do
Procurador Geral e do Presidente do Tribunal de Contas por não seguirem
orientações do Presidente da República. Substituição por pessoas
claramente menos competentes e sobretudo menos idóneas.
É
importante questionar o que quer de facto este Presidente. Até aonde
irá esticar a paciência e sensibilidade de todos. Porque é que parece
interessado em provocar a instabilidade. O que é que tem a esconder de
tão grave que até o conflito lhe parece aceitável. É exclusivamente por
causa do passado feito de aproveitamentos indevidos ou, a vontade de
governar em ditadura?
Até quando a sociedade
irá contemplar impávido e sereno esta descida aos infernos. Qual o
mecanismo constitucional e democrático para travar esta deriva feita de
abuso de poder e de todos os direitos civis?
Havendo
necessidade, todos podemos ajudar na eventual contratação de entidades
independentes e credíveis para essa crónica de ano e meio de desmando do
Presidnete JOMAV a favor do chaos e do conflito.