quinta-feira, 22 de outubro de 2015

ASSIM VAI DESCARRILANDO O MUNDO: MUGABE GANHA "NOBEL DA PAZ CHINÊS" POR DAR "ENERGIA RENOVADA" À HARMONIA GLOBAL


No Zimbabwe, a oposição ficou irada e as organizações de defesa dos direitos humanos perplexas. Afinal, Robert Mugabe é classificado como um ditador — está no cargo desde 1980 — e é acusado de usar a violência, a tortura e a intimidação para se manter no poder.

"A presidência de Mugabe está pavimentada de sangue, violência e crueldade", disse Gorden Moyo, secretário-geral do Partido Democrático do Povo (oposição), no site de notícias Bulawayo 24. Disse que Mugabe é um "sádico que se delicia com a miséria do povo".

O próprio comité de 76 elementos que atribui o prémio ficou dividido sobre a escolha — ganhou com 36 votos a favor. Um dos elementos, Liu Zhiqin, disse ao jornal The Guardian que ficou com grandes reservas sobre a escolha do Presidente do Zimbabwe, um apessoa que "está há tanto tempo no poder que pode ser rotulada de ditador".

Mas o presidente do juri, Qiao Damo, não teve dúvidas em dar-lhe o seu voto. "Se o Zimbabwe não tivesse Robert Mugabe como Presidente, o país enfrentaria grandes dificuldades — até a segurança pública poderia estar em perigo". "Todos os países têm altos e baixos nas economias. Apesar de a economia [do Zimbabwe] não ser a melhor, é um país que goza de uma preciosidade no continente africano, a estabilidade".

O prémio, tido como "o Prémio Nobel da Paz chinês",  diz o comunicado do comité citado pelo jornal de Pequim Global Times reconhece "o seu trabalho em prol da ordem política e económica no país e pela melhoria da qualidade de vida da população". O texto também elogia o político por ter sido eleito, este ano, presidente da União Africana, uma organização de cooperação que junta 54 estados do continente.

É este jornal que avança alguns dos nomes finalistas, batidos por Mugabe: o fundador da Microsoft Bill Gates, a presidente sul-coreana Park Geun-hye, o antigo Presidente dos EUA Jimmy Carter. 

O Prémio Confúcio é recente, Foi criado em 2010 para se tornar um concorrente aos prémio Nobel depois do comité sueco ter iritado Pequim ao atribuir o da Paz ao escritor dissidente Liu Xiaobo — este está detido há anos por ter co-assinado o manifesto pró-democracia Carta 08.

Na primeira edição, o troféu e o cheque no valor de 69 mil euros couberam a Lien Chan, antigo Presidente de Taiwan premiado pela política de reaproximação da ilha à República Popular. 

Seguiram-se o Presidente da Rússia Vladimir Putin, Kofi Annan e Yuan Longping (um ex-aquo entre o ex-secretário geral das Nações Unidas e o cientista e pedagogo chinês) e o antigo líder cubano Fidel Castro.

Fonte: Público