No Zimbabwe,
a oposição ficou irada e as organizações de defesa dos direitos humanos
perplexas. Afinal, Robert Mugabe é classificado como um ditador — está no cargo
desde 1980 — e é acusado de usar a violência, a tortura e a intimidação para se
manter no poder.
"A presidência de Mugabe está pavimentada de sangue,
violência e crueldade", disse Gorden Moyo, secretário-geral do Partido Democrático
do Povo (oposição), no site de notícias Bulawayo 24. Disse que Mugabe é um
"sádico que se delicia com a miséria do povo".
O próprio
comité de 76 elementos que atribui o prémio ficou dividido sobre a escolha —
ganhou com 36 votos a favor. Um dos elementos, Liu Zhiqin, disse ao jornal The Guardian que ficou com grandes reservas sobre a
escolha do Presidente do Zimbabwe, um apessoa que "está há tanto tempo no
poder que pode ser rotulada de ditador".
Mas o
presidente do juri, Qiao Damo, não teve dúvidas em dar-lhe o seu voto. "Se
o Zimbabwe não tivesse Robert Mugabe como Presidente, o país enfrentaria
grandes dificuldades — até a segurança pública poderia estar em perigo".
"Todos os países têm altos e baixos nas economias. Apesar de a economia
[do Zimbabwe] não ser a melhor, é um país que goza de uma preciosidade no
continente africano, a estabilidade".
O prémio,
tido como "o Prémio Nobel da Paz chinês", diz o comunicado do
comité citado pelo jornal de Pequim Global Times reconhece "o seu trabalho
em prol da ordem política e económica no país e pela melhoria da qualidade de
vida da população". O texto também elogia o político por ter sido eleito,
este ano, presidente da União Africana, uma organização de cooperação que junta
54 estados do continente.
É este jornal
que avança alguns dos nomes finalistas, batidos por Mugabe:
o fundador da Microsoft Bill Gates, a presidente sul-coreana Park Geun-hye, o
antigo Presidente dos EUA Jimmy Carter.
O Prémio
Confúcio é recente, Foi
criado em 2010 para se tornar um concorrente aos prémio Nobel depois do comité
sueco ter iritado Pequim ao atribuir o da Paz ao escritor dissidente Liu Xiaobo
— este está detido há anos por ter co-assinado o manifesto pró-democracia Carta
08.
Na primeira
edição, o troféu e o cheque no valor de 69 mil euros couberam a Lien Chan, antigo
Presidente de Taiwan premiado pela política de reaproximação da ilha à
República Popular.
Seguiram-se o Presidente da Rússia Vladimir Putin, Kofi
Annan e Yuan Longping (um ex-aquo entre o ex-secretário geral das Nações Unidas
e o cientista e pedagogo chinês) e o antigo líder cubano Fidel Castro.
Fonte: Público