Por:
O Democrata
O
futuro do governo liderado pelo Eng. Carlos Correia será decidido na próxima
sessão parlamentar que começa a 20 de Novembro em curso. Fonte da Assembleia
Nacional Popular garante que o programa do executivo será discutido no final da
sessão, provavelmente em Janeiro de 2016.
A
batalha no Parlamento promete ser muito renhida e movimentada. Neste momento, a
máquina do partido liderado pelo ex-Primeiro Ministro, Engenheiro Domingos
Simões Pereira, está aquecer-se e cada deputado é visualizado à lupa visando a
viabilidade do executivo do “velho” Correia.
Apesar
da sua maioria de 57 deputados na “casa do povo”, o partido libertador não está
em condições de assegurar a aprovação do Programa do governo e Orçamento Geral
de Estado sem o apoio da segunda maior força política, o Partido da Renovação
Social (PRS) que conta com 41 assentos na ANP.
As
já conhecidas divisões internas no PAIGC, agudizadas com a recente crise
política que pariu o actual governo, não facilitam as coisas. As conversas nos
bastidores mostram claramente que a “chama de guerra” ainda está acesa para
muito tempo.
Depois
do fracasso em viabilizar o governo de Baciro Djá, a sensibilidade liderada por
Braima Camará, leal ao Presidente da República, José Mário Vaz, não esconde o
seu plano de inviabilizar o programa do governo.
O
grupo acredita numa dissidência significativa na bancada maioritária. No
círculo de Braima Camará, o voto favorável de pelo menos 10 deputados é tido
como dado adquirido, o que reduziria a bancada para 47 deputados. De acordo com
um dos elementos da referida sensibilidade, a parte dissidente pode crescer
mais em função da evolução do debate no Parlamento.
“Não
estou a ver a possibilidade de a ala de Domingos Simões Pereira viabilizar o
programa no Parlamento. Tudo indica que o PRS vai se abster em bloco”, afirma a
mesma fonte. Na realidade, o grupo opositor à direcção de Simões Pereira
abrange figuras importantes do partido, tais como Soares Sambú, Baciro Dja
(líder de um governo que durou menos de 48 horas), Abel da Silva, Luís Oliveira
Sanca, Tumane Mané, Aristides Ocante da Silva, Rui Diã de Sousa, Isabel
Buscardine, Marciano Silva Barbeiro, entre outros.
O
real objectivo do grupo não se limita ao derrube do governo por via
parlamentar, estes dissidentes pretendem ainda retirar a liderança do partido
das mãos de Domingos Simões Pereira que cada vez mais é tido como o “inimigo
comum”.
As
mesmas figuras, responsabilizam Domingos Simões Pereira, pelo clima de divisão
que abala o PAIGC desde o congresso de Cacheu.
“As
decisões são tomadas pelo líder do partido, consultando apenas os seus amigos e
elementos da sua sensibilidade”, explica a fonte, citando o caso relativo à
decisão do Presidente da República em demitir o anterior governo. Na altura
adiantou a fonte, o envio do nome do líder do partido ao Presidente da
República, não foi objecto de debate no órgão competente, nesse caso o Bureau
Político. Apenas, disse, DSP consultou o seu clã directo.
Na
perspectiva da próxima sessão parlamentar, os protagonistas de cada ala foram
vistos no leste do país, concretamente em Gabú, em contactos com as bases do
partido. O objectivo é garantir o apoio de deputados através das pessoas
influentes nos seus respectivos círculos.
De
acordo com as nossas fontes, a compra de consciências é o principal instrumento
utilizado nesse combate político pelo controlo do PAIGC. A guerra aberta entre
Domingos Simões Pereira e Presidente José Mário Vaz, terá no Parlamento o seu
maior teste, explica a mesma fonte para quem a disputa no Parlamento pode ser
imprevisível.
Segundo
as fontes de “O Democrata”, em caso da derrota do governo no Parlamento, a
consequência é esta: O Presidente Mário Vaz formará um “governo de iniciativa
presidencial” através de um entendimento entre o PRS e a facção dissidente do
PAIGC.
Esse
cenário só é possível com o suporte forte do PRS através do mandato da sua
Comissão Política, um assunto que poderá aprofundar ainda mais as divisões no
partido de Koumba Yalá.
Se o
programa do governo tiver o apoio da maioria dos deputados, a Presidência da
República e o grupo de dissidente de Braima Camará terão que assumir
consequências desse novo fracasso e engajar um processo de reconciliação
interna. Uma tarefa colossal para o Presidente Vaz que já alargou, num só ano
de mandato, a “lista de inimigos no PAIGC”.
O
reflexo da crise no PAIGC chega aos corredores dos renovadores. Há clivagens
dentro do partido liderado por Alberto Mbunhe Nambeia embora, aparentemente com
menor incidência do que no PAIGC. O posicionamento a favor de um voto
abstencionista em bloco em relação ao programa de governo, não será uma tarefa
fácil. Internamente, algumas vozes acusam a direcção liderada por Nambeia de
falta de transparência na condução do processo que culminou na integração
“precipitada” no governo de menos de 48 horas.
Por
seu lado, a direcção do PAIGC está “confiante” em fazer passar o programa do
governo no Parlamento e está em contactos com vários deputados do PRS, apesar
da “frieza” que abala as duas formações políticas do PAIGC desde a demissão do
governo liderado por Domingos Simões Pereira. Fonte próxima de DSP garante que
o processo será complexo, mas o programa do executivo será adoptado.
DSP
sabe que o seu futuro político dependerá da adopção do documento. Para o maior
controlo dos deputados, o partido e a bancada parlamentar já avisaram que
qualquer deputado ausente na véspera do voto seria automaticamente substituído.
“A decisão visa impedir que deputados fossem comprados para não votar a favor
do programa do governo”, esclarece a fonte.
